O corpo do Bispo emérito de Bauru, SP, Dom Cândido Padin, OSB, será sepultado nesta segunda-feira, 28, no cemitério do Mosteiro São Bento, em São Paulo, após a missa de exéquias às 11 horas. Dom Cândido morreu na manhã de sexta-feira e seu corpo está sendo velado no Mosteiro onde o bispo residia desde que se tornou emérito, em 1990. Abaixo, segue a biografia de dom Cândido, escrita pelo abade do Mosteiro São Bento, Dom Mathias Tolentino.
.:Nota da CNBB pelo falecimento de Dom Candido Padin
Dom Cândio Padin*
Dom Cândido Padin, OSB, civilmente Rubens Padin, nascido em 5 de setembro de 1915, em São Carlos (SP), aos 14 anos de veio para a capital paulista para ingressar no Colégio de São Bento (1929-1933). Em seguida cursou Direito na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco (1934-1938), e, posteriormente, Filosofia na Faculdade de Filosofia de São Bento (1936-1938) onde também obteve o Dourado em 1942.
Aos 27 anos ingressou no Mosteiro de São Bento, no dia 2 de março de 1942, professando os votos em 12 de março de 1943 e sendo ordenado presbítero no dia 15 de setembro de 1946 pelo bispo de Sorocaba dom José Carlos Aguirre.
Em 5 de agosto de 1962 é ordenado bispo e aceita a nova missão, não sem antes ter realizado uma profunda reflexão sobre a mudança que este chamado ao serviço da Igreja causaria em seu projeto de viver o “Ora et Labora” no interior do Claustro Monástico. Primeiramente assume como auxiliar de Dom Jaime Câmara, na arquidiocese do Rio de Janeiro, e Assistente Nacional da Ação Católica, depois em Lorena (1962-1965). Transferido para Lorena (SP), assume a diocese por quatro anos (1966-1970). Em seguida, torna-se bispo diocesano de Bauru até resignar por causa da idade (75 anos) em 4 de setembro de 1990. Recebeu da Cidade de Bauru o título de Cidadão Bauruense e de Doutor “Honoris Causa” da Universidade do Sagrado Coração. Estruturando sua diocese com firmes normas pastorais que promoviam e exigiam do cristão um novo modo se ser Igreja na vivência da comunhão e participação. Trabalhou incessantemente pela causa de Deus e dos irmãos.
Foi por diversas vezes membro da Comissão Episcopal de Pastoral da CNBB, encarregado, principalmente, dos leigos. Sempre insistia que a vocação dos leigos exigia que fossem agentes transformadores da sociedade. Atuou, ainda, no setor de comunicação social e de educação da CNBB. Também foi membro do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), presidindo o Departamento de Educação. Fundou, em Bauru, a Comissão de Justiça e Paz, atento à dignidade da pessoa humana, conforme sempre se empenhou em unir a promoção humana à evangelização de modo especial em favor dos pobres e excluídos. Foi um dos primeiros juristas a apresentar estudo sobre a inconstitucionalidade da Lei de Segurança Nacional em vigor no periodo da Ditadura. Destacou-se assim dentre o episcopado brasileiro.
Bispo conciliar, dom Cândido participou das sessões do Concílio Vaticano II e sempre se mostrou atento, no Brasil e na América Latina, às responsabilidades da Igreja no âmbito social e na construção da Justiça e da Paz. Coerente coma a Fé católica e a Caridade evangélica, testemunhou de modo eficaz a esperança cristã em suas idéias e ações.
Após 28 anos de profícua atuação episcopal, retornou ao seu Mosteiro sendo fiel ao Oficio Divino, ao convívio fraterno e à disciplina monástica. Nesse período, quis abrir na capital de São Paulo, junto com André Franco Montoro (14 de março de 1992), uma sessão do Instituto Jacques Maritain com o objetivo de difundir, cultivar e intensificar a reflexão e o debate do pensamento humanista – o humanismo integral – face aos problemas da realidade contemporânea.
Assim na sua maturidade de espírito, forjado por densas experiências eclesiais, pela contínua atividade intelectual e pela rica rede de relações humanas, retornou à simplicidade do convívio fraterno monástico e, sem cessar sua missão pastoral, recolheu-se confiante à espera deste encontro com o Pai na Vida Eterna certo “da intercessão da Virgem Maria nossa Mãe e de nosso Pai São Bento”.
* Dom Abade Matthias (Euclides) Toelentino Braga, OSB, Mosteiro de São Bento de São Paulo.