Igreja celebra nesta sexta-feira, 31, a memória litúrgica de São João Bosco; conheça a história de padres que se inspiram na vida do santo
Julia Beck
Da Redação
Aclamado por São João Paulo II como “Pai e Mestre da Juventude”, São João Bosco, cuja memória litúrgica é celebrada nesta sexta-feira, 31, é também inspiração para vocações sacerdotais. Membros da Congregação Salesiana – fundada por São João Bosco e dedicada a São Francisco de Sales – os padres Alexandre Luís de Oliveira, Silvio César da Silva, Bruno Calderaro e Edson Donizetti Castilho contam como o santo os inspirou a responder com segurança ao chamado vocacional que receberam.
“É um dia de festa, dia de celebrar aquele que é para nós uma grande referência de amor a Deus e às pessoas. Que atualizemos com a nossa vida, a vida de Dom Bosco, o seu carisma. Hoje nós somos São João Bosco que vive e caminha”.
Padre Alexandre Luís
Desenvolvendo atualmente suas atividades sacerdotais na Comunidade Salesiana de Campinas (SP), como diretor-geral das presenças salesianas no Liceu Nossa Senhora Auxiliadora e na Escola Salesiana São José, padre Alexandre revela que desde criança participa da vida salesiana. Ele também é vigário paroquial na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora.
Natural de Campinas, o sacerdote conta que ainda criança convivia com membros da Congregação Salesiana no oratório, na escola e na capela onde frequentava com seus pais. Padre Alexandre se especializou no Centro Profissional Dom Bosco (CPDB) e desde então sempre manteve-se próximo ao carisma salesiano. “Convivi com os padres e religiosos salesianos e fui me encantando com a vida religiosa. Desde muito jovem, Deus foi plantando esta resposta vocacional que dei aos 19 anos”, recorda.
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Salesiano há 22 anos e padre há 15 anos, padre Alexandre afirma que descobriu sua vocação religiosa e sacerdotal a partir da vida de Dom Bosco. “Sem dúvida, minha grande inspiração para responder a Deus e ao chamado vocacional que ele me fez, foi Dom Bosco”, sublinhou. Padre Alexandre revela que além do sacerdócio, o carisma salesiano, em prol da educação das crianças, adolescentes e jovens, também é uma grande inspiração.
“Vejo com muita clareza, na minha vida sacerdotal, uma identificação com a proposta educativa e carismática de Dom Bosco. Sinto-me também educador como um dia ele foi. Vejo-me profundamente realizado nesta missão carismática de ser evangelizador da juventude a partir da educação. Procuro me identificar na missão salesiana, a partir do carisma que a congregação assumiu. A prática educativa formal – escola, ensino superior – e informal – oratório, catequese, formação da fé – me fazem perceber minha identificação com a pessoa de Dom Bosco”, observou.
Pároco da Paróquia Santa Teresinha, em Santana, na capital de São Paulo (SP), e vice-diretor do Colégio Santa Teresinha, padre Silvio destaca que o sacerdócio arrojado e destemido de Dom Bosco são motivações para seu seguimento vocacional. O sacerdote também citou o fascínio do santo por querer ajudar a juventude pobre e explorada do seu tempo e seu olhar confiante na Divina Providência. “Dom Bosco chamava atenção da sociedade para as necessidades dos jovens abandonados”, frisou.
“Experimentar a espiritualidade salesiana é nos deixar ir até as origens de Dom Bosco, um jovem camponês e trabalhador incansável, que fez da sua vida essa entrega a Deus. A dificuldade que viveu, a alegria em transformar tudo em um sonho de salvar almas faz de Dom Bosco um santo sempre atual e presente nos desafios do dia a dia. O ambiente do Oratório sempre respirou alegria e santidade, que fez dele um Santo Feliz!”
Padre Silvio César
“À medida que nós, salesianos, estudamos a vida de Dom Bosco, mais nos surpreendemos com a sua inteligência e coerência de vida. Até hoje sou motivado pelo seu trabalho de vanguarda, pela sua criatividade, valorização da oração simples, profunda e meditada. O amor nunca morre, e o amor dele demostrado pelos jovens ainda não morreu e não morrerá em mim”. É o que afirma padre Bruno Calderaro, diretor de Pastoral do Colégio Liceu Salesiano de Campinhas (SP).
Ex-aluno salesiano, como padre Alexandre, padre Bruno revela que a vida de Dom Bosco também lhe era muito próxima. “O seu jeito resiliente, carinhoso com as crianças, adolescentes e jovens e sua paixão incondicional por Cristo Bom Pastor motivou minha história e minha vocação”, apontou. Para o sacerdote, a alegria do santo, como caminho de santidade, sua presença acolhedora, seu trabalho incansável pela salvação dos jovens são algumas das diversas características que despertaram sua vocação.
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Reitor do Santuário Dom Bosco em Lorena (SP), padre Edson Donizetti Castilho é há 37 anos religioso salesiano e há 28 anos, sacerdote. O padre, que já foi inspetor/provincial dos Salesianos da Inspetoria Salesiana de São Paulo, conta que desde os seis anos de idade convive entre os membros da Família Salesiana, seja frequentando oratórios, servindo como coroinha nas Celebrações Eucarísticas ou enquanto estudante de uma das escolas administradas pela congregação.
“Com a intensa formação cristã recebida no seio familiar e a forte convivência com os salesianos (padres e irmãos) no Oratório e no Colégio Salesianos, ouvindo falar tanto de Dom Bosco, experimentando concretamente a força e beleza da sua pedagogia e espiritualidade, estampadas nas atitudes dos irmãos e padres que conviviam conosco, foi natural meu ‘despertar vocacional’ para a vida consagrada e sacerdotal como Salesiano de Dom Bosco”.
“Dom Bosco é uma forte inspiração!”, declarou padre Edson. Segundo sacerdote, o santo motiva todos que se envolvem no mundo da educação e se dedicam à formação dos adolescentes e jovens. “Dom Bosco é patrimônio não somente da numerosa Família Salesiana por ele fundada, mas um presente de Deus para toda a Igreja e Sociedade”, completou.
As qualidades e as histórias marcantes de São João Bosco
“Bondade, paternidade e profunda fé”. Estes são alguns dos adjetivos de São João Bosco que padre Silvio afirma buscar em seu sacerdócio. O amor do santo para com a Virgem Auxiliadora também é motivo de inspiração para o sacerdote.
Para padre Bruno, a capacidade do santo de demonstrar amor por todos os jovens é algo que deve ser sempre vivido na caminhada sacerdotal. “O amor, a alegria e a busca pela santidade são características que mais tento imitar em Dom Bosco”.
Há alguns episódios na vida do santo que padre Bruno conta terem marcado sua vida:
“O encontro com Bartoomeu Garelli, por exemplo. Dom Bosco conquista a confiança de um adolescente e ganha uma profunda amizade a partir da sua acolhida. Ele inicia a Obra Salesiana com um encontro rápido, mas extremamente marcante para Garelli. Outro fato é quando Dom Bosco chama alguns jovens para partilhar a ideia de fundar uma Congregação Religiosa. Ele funda uma Congregação para os jovens com os jovens. E eles aceitam esse grande desafio por ser Dom Bosco, por ter confiança nele, por ser de Deus”.
Padre Alexandre diz que muitos são os elementos da história e da biografia de Dom Bosco que chamam sua atenção, mas destacou dois: seu desejo de ser padre desde a infância e sua fé antes da morte. “Ainda criança, olhando para os jovens do seu tempo, Dom Bosco alimentava no seu coração uma decisão vocacional. ‘Eu quero ser padre para ir ao encontro dos jovens e das crianças’, dizia Dom Bosco. Depois, no final de sua vida, quando viu tudo que havia realizado, disse: ‘Se tivesse tido mais fé, teria feito muito mais’. Essa dimensão da fé, de confiança em Deus, vivida por padre João Bosco, é uma de suas características que mais me encanta”.
As três grandes paixões ou crenças de Dom Bosco, são também as de padre Edson. “A primeira: a juventude, por ele chamada ‘a porção mais preciosa da sociedade’; a segunda: a educação, enquanto considerada a mediação mais adequadas para tornar o mundo melhor: mudar os corações, as mentalidades… gerar pessoas novas! E a partir daí mudar as estruturas injustas. A terceira: o Sistema Preventivo, um jeito próprio, salesiano, de ‘fazer/propor educação’. Esse sistema está baseado num tripé: razão, religião, amorevolleza”. Outras duas fortes marcas de Dom Bosco eram, segundo padre Edson: sacerdócio amparado por uma fé inquebrantável em Deus e o testemunho e exuberante amor a Nossa Senhora, por ele invocada sob o título de Maria Auxiliadora.
“A biografia de Dom Bosco é fascinante! Muitos fatos de sua história encantam e nos motivam na busca de uma vida cristã mais profunda! Faço menção a um deles: seja em vida, seja depois de sua morte, Dom Bosco sofreu várias incompreensões; em alguns momentos até mesmo perseguições! Por conta de calúnias, foi severamente repreendido por um arcebispo de Turim. Dom Bosco a tudo suportou com admirável resignação, cativante espírito de humildade e operosa atitude de fé!”
31 de janeiro: dia de festa para a família salesiana
“Pelo mundo todo, no dia 31 de janeiro e a cada ano, se multiplicam gestos para celebrar, com solene júbilo, o santo amigo dos jovens!”, destaca padre Edson. O sacerdote conta que missas, novenas, tríduos, apresentações lítero-musicais, congressos, procissões, passeios ciclísticos, jogos e variadas iniciativas são realizadas neste dia.