O documentário “Aborto Legalizado”, inédito no Brasil, foi apresentado, nesta terça-feira, 5, à imprensa em uma pré-estreia em São Paulo. A obra denuncia e mostra como funciona a indústria do aborto nos Estados Unidos.
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“Vida. Ela não se define por tamanho. Ela não se define por lugar ou por necessidade de um ambiente especial. Ela não se define pelo nível de desenvolvimento, nem pela capacidade de se defender”, cita um trecho do documentário.
Lançada na Espanha, a produção norte-americana trata de forma realista como as estruturas médicas disputam e tratam clientes interessados em tirar um bebê, os métodos aplicados pelas clínicas e o destino do “lixo hospitalar”, entre outros temas.
“Eu fiz o filme para promover o que eu acredito, e penso que estou promovendo a verdade”, afirmou o diretor do documentário, David Kyle.
O filme traz depoimentos de médicos, pacientes e cientistas. A abordagem surpreende ao mostrar o drama das mulheres e os aspectos científicos, legais e psicológicos relacionados ao aborto.
Também discute as sequelas para as mulheres submetidas a esse procedimento, que muitas vezes desenvolvem um quadro pós-traumático.
Segundo Kyle, “essas mulheres que abortam precisam da nossa compaixão, suporte e amor”.
O diretor do documentário é católico e conta que no seu país de origem, a Igreja Católica exerce um papel extremamente importante nessa luta.
“Nos Estados Unidos, a Igreja Católica lidera o movimento e os padres são fundamentais, porque são eles que levam a mensagem para as pessoas”, destacou Kyle.
“No aborto, não se trata de escolha. Trata-se de desespero. Não se trata de pessoas que fazem o abortos porque têm liberdade de escolha. São pessoas fazendo abortos porque percebem que não têm liberdade, nem escolha”, enfatiza outro trecho do documentário.
No Brasil, o aborto só em permitido em algumas situações previstas em lei, como no caso de estupros, fetos anencefálicos e quanto há risco de morte para a mãe. A interrupção de uma gravidez de forma ilícita é uma das principais causas de morte materna no País.
O filme foi idealizado em 2004, mas só foi concluído em 2010. O diretor que comprou os direitos de distribuição do filme no Brasil, Luís Eduardo Girão, diz que a intenção é provocar o debate.
“A sociedade vai ganhar com o amadurecimento desse debate”, afirmou Girão.
Após o lançamento em São Paulo, Kyle viaja a nove capitais do País para exibir o filme, que entra em cartaz nos cinemas no dia 15 de novembro.