Dia Nacional da Juventude é celebrado neste domingo, 27; bispo destaca importância dos jovens para a Igreja
Julia Beck
Da redação
“A Igreja aposta e confia na juventude”, afirmou o presidente da Comissão para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Nelson Francelino Ferreira, bispo da diocese de Valença (RJ). Diante da proximidade do Dia Nacional da Juventude (DNJ), que será celebrado neste domingo, 27, o bispo destacou a importância da proximidade da Igreja com a juventude e reafirmou o protagonismo eclesial e social do jovem.
Leia mais
.: Papa: juventude não é passividade, mas esforço para alcançar metas
.: Papa encoraja os jovens a serem amigos de Jesus
Instituído em 1985 pela CNBB, o dia é uma expressão da opção afetiva e efetiva da Igreja pela juventude, anteriormente assumida pelos bispos na Conferência de Puebla (México), que completa 40 anos em 2019. “O DNJ quer destacar o protagonismo do jovem leigo como sujeito eclesial, que tem uma missão ativa na Igreja e também um sujeito social, que também é protagonista na sociedade”, explica Dom Nelson.
No pontificado do Papa Francisco, de Bento XVI e João Paulo II, o bispo afirma ser possível destacar o protagonismo juvenil no coração da Igreja. “Essa opção da Igreja pela juventude se confirma na exortação pós sinodal ‘Christus Vivit’. O Papa tem apostado todas as suas cartas e sua confiança nos jovens”, completou.
Leia também
.: Papa convida jovens a viverem a Exortação “Christus vivit”
Com o tema “Juventude e políticas públicas: uma história nos chama à civilização do amor”, o DNJ deste ano está em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2019, cujo tema foi “Fraternidade e Políticas Públicas”. Sobre as muitas realidades vividas pelos jovens, o bispo destaca o subjetivismo, a dimensão afetiva e emocional e o individualismo exacerbado como situações capazes de cegar os jovens e gerar descomprometimento.
“A nossa juventude hoje está morrendo. Na idade do sonho, da fantasia, na idade da utopia, nossos jovens têm ocupado o topo das pesquisas sobre homicídio, suicídio, morte, violência no trânsito”. A morte e a violência que se constata no cenário juvenil também foram apontadas pelo presidente da Comissão para a Juventude da CNBB como pontos a serem questionados socialmente, pois impedem o jovem católico de viver sua dimensão missionária e profética.
Leia também
.: Jovens: “Levá-los a Deus”, pede Papa Francisco
.: “Não deixemos que nos roubem o rosto jovem da Igreja”, pede Papa
.: Cuidar dos idosos e jovens é cultura da esperança, diz Papa em homilia
“A juventude precisa olhar para o seu ambiente e perceber os vazios do evangelho nesses locais. Precisa estar estruturada para ser serviço. Deus constituiu a Igreja não para cuidar da sua realidade, mas para sair da zona de conforto e levar o Evangelho. Creio que todo jovem eclesial dentro deste contexto de polarização tão característico do nosso tempo precisa se firmar na história bíblica de Jesus e se sentir discípulo e missionário”, acrescenta o bispo.
Para o bispo, quando o jovem tem seu espaço, a valorização do seu protagonismo, a paixão e o compromisso pela Igreja, é possível notar seu empenho missionário, transformador e de esperança. “Vivemos em um tempo de muitas necessidades e angustias e, sem dúvidas, um coração jovem, apaixonado e destemido é um profeta dentro deste contexto”, sublinhou.
Com o DNJ, Dom Nelson afirma ser possível renovar a proposta missionária da juventude. “A gente percebe que hoje, o DNJ sendo celebrado no mês de outubro, mês das missões no Brasil, ele traz essa marca missionária muito forte”, destacou. O bispo explicou que o DNJ não é só o dia estipulado, mas acontece muito antes com os jovens que se preparam para o evento por meio do subsídio elaborado pela Comissão para a Juventude da CNBB. A Comissão conta atualmente com três bispos e um padre, enquanto a equipe de subsídio é formada por jovens membros de comunidades, grupos, movimentos e congregações diferentes.
“A cartilha possui quatro encontros que falam sobre políticas públicas e convidam os jovens a olharem a realidade dolorosa que vivem, e os estimula a pensarem sobre como o direito e a justiça podem se aproximar do universo juvenil”, explica Dom Nelson. O objetivo do subsídio é implementar valores sagrados ausentes na realidade urbana e juvenil. A vivência destes encontros de discussão sobre assuntos propostos pela cartilha e o DNJ (proposto pela CNBB para ser vivido no último domingo de outubro) é livre para ser vivido em cada arquidiocese, diocese, paróquia e comunidade conforme calendários locais e nacionais. “O importante é envolver o maior número possível de jovens”.
Jovens: unidade e serviço
Acompanhando a proposta da CNBB, a diocese de Lorena (SP) realizará neste domingo, 27, o seu DNJ.
Pós-graduando em Pastoral Juvenil e assessor do setor Juventude da diocese, padre Flávio José Lima da Silva conta que desde agosto começaram os preparativos. A comissão organizadora do evento – da qual padre Flávio faz parte junto a 13 jovens e dois seminaristas – elaborou o cronograma do DNJ com discussões sobre o sentido da vida (suicídio), adoração, terço missionário, teatro, hip-hop, cristoteca, confissão e Missa.
Leia mais
.: “Deus é jovem e ama os jovens”, afirma Papa Francisco
“A juventude não pode ser tratada como objeto de futuro, ela é o presente da Igreja, portanto esse dia é celebrativo, rico de conteúdo para que a juventude perceba o seu real papel na Igreja e na sociedade como um todo”, afirma padre Flávio.
Em vista deste ideal, o setor juventude da diocese de Lorena busca, segundo o sacerdote, provocar na juventude que é diversa, com vários carismas, o sentido de pertença, do caminhar juntos.
O desejo é que os jovens se sintam Igreja, revelou padre Flávio. “É importante que eles entendam a necessidade de estarmos unidos, pois juntos, com todos as expressões juvenis, poderemos construir uma Igreja mais participativa”, destacou.
“É especial estar envolvido com jovens”, afirmou Dom Nelson. O bispo, que trabalha com a juventude desde 1999 e participa como membro da Comissão para a Juventude desde 2013, explica que viver o DNJ neste ano, após ser eleito presidente da comissão, foi especial (sua diocese celebrou a data no último domingo, 20): “Todo DNJ é especial porque traz uma marca nova, uma novidade para a Igreja. Mas este ano o DNJ foi um dia de grandes emoções, conquistas e realizações”.
O bispo finaliza: “Se conseguirmos despertar a nossa juventude em todas as suas expressões dentro da unidade, tornando-a protagonista do cuidado da Casa Comum, da cidade, dos jovens violentados, injustiçados e perseguidos, conseguiremos fazer dela uma juventude profética, missionária e a serviço da vida”.