Professora destaca benefícios da leitura e estabelece um comparativo entre livros digitais e impressos, e livros bons e ruins
Da redação, com colaboração de Evilene Saraiva
O Dia Nacional do Livro será celebrado, em todo o Brasil, nesse sábado, 29. A data é uma homenagem à fundação da Biblioteca Nacional do Brasil, criada em 1810. Neste ano, a data merece ser comemorada por mais um motivo: cresceu o número de leitores no Brasil.
A Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro, e divulgada em maio deste ano, constatou um aumento de 6%: em 2011, os leitores representavam 50% da população, em 2015, o número foi para 56%. Porém, ainda é pouco, já que ler é bom hábito que deve contagiar a todos.
A professora universitária, Joice Mendes, falou à nossa equipe sobre os benefícios da leitura e estabeleceu um comparativo entre livros digitais e impressos, livros bons e ruins. Confira:
Benefícios da leitura
“Leitura é importante em diferentes esferas: está ligada ao desenvolvimento cognitivo, à socialização, à memória, à nossa relação e compreensão de mundo. Por isso, é tão importante sensibilizar pais e educadores para a formação de novos leitores.
Parece até um discurso clichê, mas a leitura tem grandes benefícios: ela é importante para a construção de vocabulário, para uma boa escrita; alimenta nossas reflexões, nos coloca em contato com diferentes pontos de vista – o que estimula o pensamento crítico – socializa à medida que você compartilha com os outros, suas experiências de leitura; além de relaxar e te levar pra diferentes lugares”.
Livros digitais ou impressos?
“É uma questão afetiva entre livros e leitores. Existe, inclusive, algumas pesquisas que estudam essa relação e demonstram que a materialidade do objeto deve ser levada em conta nesse processo de leitura e produção de sentido. Afinal, o livro impresso é um objeto: ele tem textura, tem cheiro, e alguns chegam a dizer que tem até gosto quando, por exemplo, a gente umedece a ponta dos dedos pra virar uma página. Esse seria o gosto do livro.
Então, muitos leitores preferem o exemplar impresso por essa questão da materialidade e também pelo desconforto que algumas telas digitais causam. Existe um ritual de leitura que envolve o suporte impresso, que aguça várias sentidos. Por isso eu acho que o suporte impresso sempre vai ter o seu lugar.
Já o digital abre possibilidades interessantes, como a fragmentação da leitura que comporta uma descontinuidade. Então, eu posso parar a leitura de um texto, fazer marcações, consultar outras obras, fazer notas, enfim, me relacionar com ela de uma forma diferente. Grandes obras estão disponíveis hoje no formato digital o que torna o acesso mais democrático, mas como eu disse, livro impresso sempre terá seu lugar por acionar outros sentidos, diferentes do suporte digital.
Livros bons e ruins
“Esta é uma questão subjetiva. Numa avaliação técnica, pode ser considerado ruim por não ser bem escrito, por apresentar problemas de estrutura que dificultarão a compreensão, a coesão. Mas em termos de conteúdo a proposta de um livro considerado ruim para alguns, pode parecer interessante pra outros. Então eu acho ruim estabelecer rótulos. Cada leitor deve se apropriar da leitura e definir aí a sua experiência com o livro”.