SAÚDE

Dia Mundial do AVC: tratamento, sintomas e prevenção da doença

Cardiologista explica o que pode causar o famigerado Acidente Vascular Cerebral, que atinge mais de 400 mil pessoas anualmente no Brasil

Aline Imercio
De São Paulo

O cardiologista Carlos Alberto Machado, assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo / Foto: Antônio Matos

Neste dia 29 de outubro é lembrado o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral, estima-se que ocorra 400 mil casos de AVC no Brasil, por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. E conscientizar para as formas de prevenção da doença é o foco deste dia. Conversamos sobre esse assunto com o cardiologista Carlos Alberto Machado, assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Confira:

cancaonovanoticias.com — O que é um AVC?
Carlos Alberto Machado — Tem dois tipos de AVCs, o Acidente Vascular Cerebral, Isquêmico e o Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico. O isquêmico é quando, por alguma circunstância, uma determinada área do cérebro deixa de receber oxigênio, nutrientes e morre, pode ser por um espasmo da artéria, uma contração da artéria. Porque, a parte de irrigação cerebral tem um mecanismo diferente, então, se aumenta a pressão muito, ele faz vasoconstrição para não deixar o aumento da pressão ser transmitido para o território cerebral, se a pressão abaixa muito, ele faz vasodilatação para garantir a irrigação cerebral. Então, se fizer um espasmo desses, pode ter um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico. Ou pode, a pressão muito alta ou por um aneurisma, arrebentar uma artéria dessa e causar uma hemorragia cerebral, e geralmente os AVC’s hemorrágicos muito grandes são fatais. Tem um AVC transitório que fecha uma artéria e abre e a pessoa volta em seguida., então esse é um alarme até.

cancaonovanoticias.com — E quais são os fatores de risco?
Carlos Alberto Machado — O principal fator de risco é a hipertensão. Cerca de 80% dos AVCs poderiam ser prevenidos se fosse feito diagnóstico precoce e o tratamento adequado da hipertensão. O grande problema é o seguinte: muitas vezes a pessoa sabe que hipertensa, toma remédio, mas não está na meta. Para ter a proteção do tratamento, você tem que estar dentro da meta preconizada pelas diversas diretrizes. Então você tem que tomar o remédio direito e fazer o acompanhamento direito, porque muitas vezes a pessoa sabe que hipertenso, toma remédio, mas não mede a pressão e nem sabe se a pressão está controlada. Então o controle da hipertensão é extremamente importante. Vários estudos já mostraram que quando você aumenta as taxas de controle de pressão numa população, o primeiro marcador que diminui é o AVC.

cancaonovanoticias.com — E qual é o perfil das pessoas que costumam ter AVC?
Carlos Alberto Machado — A grande maioria é idosos, à medida que aumenta a idade, aumenta o risco. Mas já vem tendo dados publicados de um aumento da incidência de AVC em pessoas mais jovens, porque também são pessoas que têm fator de risco e que no tratam adequadamente. Se o pai ou a mãe é hipertenso, ele tem que medir essa pressão periodicamente, porque ele pode vir a ser hipertenso. Então, quanto mais precoce você fizer o diagnóstico e mais adequado for o tratamento, melhor resultado.

cancaonovanoticias.com — O estilo de vida também é importante para prevenir o AVC?
Carlos Alberto Machado — Sim, mesmo para hipertensão, ter um hábito alimentar saudável, comer com pouco sal, não usar bebida alcoólica em excesso, abandonar o tabagismo, fazer uma atividade física regular, manter o peso dentro do normal, controlar o estresse, então mudar o estilo de vida. Hoje, se você ver os dados do Vigitel, que é o sistema de vigilância de doenças crônicas do Ministério da Saúde, hoje mais de 50% da população está com sobrepeso e obesidade, mais de 50% da população é sedentária. Esse é um dado extremamente importante e as pessoas precisam mudar o estilo, precisa manter o peso dentro do normal, precisa fazer atividade física regular. É mudar o estilo de vida. Eu costumo falar para meus pacientes assim que a arte de viver está exatamente em você aprender a conviver com as tensões do dia a dia, que muitas vezes não é fácil, mas a gente tem que buscar isso aí, se a gente quiser, mais do que viver mais, ter mais qualidade de vida.

cancaonovanoticias.com — E quando a gente fala de uma situação de emergência, quais são os sinais de que a pessoa possa estar tendo um AVC?
Carlos Alberto Machado — Às vezes a pessoa está conversando com você e começa a ter dificuldade de articular palavra, um desvio da rima bucal, entorta a boca. Dificuldade de movimentação do do membro de um lado. Geralmente, se você tem de um lado, o acidente vascular cerebral está sendo do outro lado, então esses sinais fazem com que a pessoa deve procurar o hospital o mais rápido possível e intervir isso o mais rápido possível.

cancaonovanoticias.com — Qual é o tratamento de uma pessoa que entra no hospital?
Carlos Alberto Machado — Então, depende do diagnóstico do tipo de AVC, um AVC isquêmico e AVC hemorrágico, quanto que está a pressão arterial. Muitas vezes você não pode baixar tudo de uma vez, num primeiro momento você vai monitorando isso gradativamente, diminuindo essa pressão, mas monitorado de imediato de acompanhado, minuto a minuto.

cancaonovanoticias.com — E como estão hoje os casos de AVC no Brasil?
Carlos Alberto Machado — Os dados publicado na nossa Diretriz, mostram que no Brasil tem 110.000 mortes por AVC por ano. É um número bastante expressivo e é a segunda causa de mortalidade, a primeira causa de mortalidade e infarto. E a segunda causa é AVC. Então é sim, tratar os fatores de risco e prevenir essas mortes é extremamente importante.

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