Proteção virtual

Dia Mundial da Internet Segura: especialistas dão dicas de navegação

Não se expor de maneira excessiva, pensar bem antes de publicar algo e não fornecer a senha são algumas das orientações

Thiago Coutinho
Da redação

No Brasil, somente em 2018, foram feitas 62 milhões de vítimas em ambiente virtual, gerando um prejuízo de R$ 22 bilhões / Foto: Getty Images – PeopleImages

Nesta quarta-feira, 6, é comemorado o Dia Mundial da Internet Segura (ou SID, Safer Inernet Day, na sigla em inglês). A data, que é celebrada em mais de 100 países, visa discutir o uso íntegro, ético e responsável da rede mundial de computadores.

O uso da internet hoje em dia é parte intrínseca do dia a dia das pessoas. Faz-se de tudo pela rede mundial de computadores: contas são pagas, compras são feitas, inscrições para eventos ou concursos, enfim, praticamente tudo que se é feito no “mundo real” pode ser realizado em ambiente virtual.

Isto, porém, implica riscos. Segundo dados da Norton Cyber Security, empresa estadunidense especializada em softwares de proteção cibernética, os crimes em ambiente virtual fizeram 62 milhões de vítimas no Brasil em 2018, gerando um prejuízo de R$ 22 bilhões.

Para Kelli Angelini, gerente jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), é preciso que o usuário tenha senso crítico e discernimento quando acessa a internet, sobretudo na hora de divulgar dados sobre a sua vida. “As pessoas têm que aprender a desconfiar, a buscar informação segura e entender que nem tudo que circula em redes sociais ou grupos de Whatsapp é verdade”, explica.

Luiz Carlos dos Santos, especialista em Tecnologia da Informação, concorda e faz um alerta. “A internet é um lugar aberto, plural e com uma infinidade de serviços e opções disponíveis aos seus usuários, tanto para facilitar as nossas vidas, como para, infelizmente, ações e atividades nocivas. A postura mais adequada é a prevenção”, avisa.

Apesar de todo esse perigo, foi-se o tempo em que a internet poderia ser considerada “terra de ninguém”. A Justiça e os órgãos fiscalizadores estão cada vez mais aptos a punir crimes cibernéticos. “Em termos de legislação estamos bem amparados”, assegura Kelli. “Quaisquer irregularidades que se cometam na internet, atos ilícitos, temos alguma previsão em nosso ordenamento jurídico, mesmo que a previsão não seja específica à internet”.

Santos entende que a internet é uma extensão da sociedade e do ser humano, por isso não enxerga dificuldades para se proteger de crimes virtuais. “Cito três passos simples para o caso de alguém ser vítima de ações criminosas no meio virtual: 1º) É importante reunir o máximo de informações possível do crime, materiais que comprovem a existência do fato; 2º) registrar as informações em um cartório para garantir a veracidade dos documentos e fatos digitais, pois assim eles podem ser utilizados em uma ação judicial; 3º) por fim, abrir um Boletim de Ocorrência, afinal, um crime virtual não é diferente de um crime fora deste espaço”, detalha o especialista.

Exposição exagerada

É inegável o poder de imersão que a internet trouxe às pessoas, sobretudo no fenômeno conhecidos como redes sociais. As pessoas se expõem por meio de fotos, textos e vídeos diariamente. No entanto, se não houver um limite, isto pode ser prejudicial ― sobretudo quando se trata de crianças.

“Crianças e adolescentes, que já nasceram com a internet em suas vidas, querem utilizá-la para diversas funções. O papel dos pais é fundamental para se despertar o senso críticos nas crianças, fazer com que entendam que a internet é como uma praça pública que qualquer um pode participar, pessoas boas e ruins. Por isso, elas têm que desenvolver este senso crítico, de não confiar em qualquer pessoa”, diz Kelli.

A especialista adverte para que os pais instruam os filhos a não aceitar em suas redes pessoas que não conheçam, desconfiar de jogos que peçam doações ou compras e manter sempre um diálogo sobre como funciona na internet. “O que postamos na internet é para sempre e se for compartilhado será visto em muitos locais, tornando-se impossível de apagar aquele conteúdo”, afirma.

Privacidade vigiada

As redes sociais permitem que se controle aquilo que pode ser visto por todos e aquilo que pode ser visto apenas pelo seu grupo de amigos. Segundo Kelli, é importante que apenas amigos e familiares estejam por dentro do que você está postando.

“E não aceite estranhos comigo amigos. Uma vez que isto é feito, estas pessoas terão acesso a tudo o que você posta, a tudo que você comenta e contato com seus amigos e familiares. E pense antes de postar: suas informações são muito valorosas. Se você posta hábitos do cotidiano, o lugar onde mora, onde seus filhos estudam, onde você passa as férias, isto se torna público. Você dá informações demais para pessoas que você não sabe se são confiáveis ou não”, esclarece Kelli.

Antes de postar algo, é indispensável que se pense antes de publicar. “Pense num adolescente que faz postagens com comentários inadequados. O que isso vai gerar de impacto para ele, quando estiver procurando emprego? Isso vai fechar portas a ele”, afirma.

Os excessos, segundo Santos, devem ser medidos dos dois lados: tanto dos responsáveis quanto dos filhos. “É preciso cuidado com os excessos, tanto dos pais como dos filhos. O limite de exposição não é uma coisa fácil de estipular uma vez que as pessoas podem ser mais ou menos abertas ao uso das redes sociais”, acrescenta.

De acordo com Kelli, alguns cuidados são imprescindíveis: não informar a senha a ninguém, mesmo para pessoas mais próximas. “E crie senhas que não sejam fáceis, evite data de nascimento, nomes. Uma vez que alguém tenha acesso à sua senha, esta pessoa pode se passar por você, ver tudo que você tem que naquele dispositivo e pode divulgar informações inadequadas”, finaliza a especialista.

Confira no quadro a seguir mais detalhes sobre como ter hábitos mais seguros em ambiente virtual.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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