20 DE JULHO

Dia da Amizade: "até Deus feito homem teve um amigo", diz padre

Na data em que se celebra a amizade, amigas falam sobre relação, padre faz reflexão aos olhos da fé e psicóloga alerta para características importantes de um bom amigo

Julia Beck
Da redação

Foto: Priscilla Du Preez por Unsplash

O Dia do Amigo e o Dia Internacional da Amizade são celebrados em pelo menos três datas diferentes. No Brasil, a comemoração é neste sábado, 20. Independente do dia, destacar o valor da amizade e de um amigo é sempre oportuno, mas não antes de compreender o significado dessa relação.

Padre Tiago Barbosa /Foto: Arquivo pessoal

Aos olhos da fé, padre Tiago Aparecido afirma que “a amizade é um vínculo de permissão a um campo sagrado que é nossa vida e tudo aquilo que ela envolve”. “Partilhamos muito com o outro e precisamos ser conscientes da importância e do valor de quem colocamos ao nosso lado”, pontua o presbítero.

Valor terapêutico

A psicóloga Elaine Ribeiro salienta que existe um valor terapêutico na amizade. Ela explica que estar em convívio social permite desenvolver habilidades, expressar sentimentos, tolerar frustrações, mediar conflitos e dificuldades, trabalhar com a partilha e a saída de um estado de egoísmo na dedicação ao outro.

“Ao escolhermos amigos para a nossa vida, que são mais que conhecidos ou colegas, elegemos pessoas que possuem afinidades conosco. Claro que todos nós somos diferentes, mas temos algo que nos une com esse grupo por nós elegido. Ao termos amigos, exercemos a escolha de eleger entre as pessoas que convivemos, aquelas que podem efetivamente estar conosco e partilhar de coisas que julgamos importantes para nossa vida”.

Para muitos, a psicóloga ressalta que os amigos são uma presença até maior do que a da própria família. É um laço que, de acordo com a psicóloga, é construído com o tempo e com a intimidade de conhecer o outro profundamente, envolvendo afinidades.

“Amigos são também parte de uma rede de apoio, porque não devemos viver só e é importante que tenhamos com quem contar” — Elaine Ribeiro

Amizade é liberdade

Psicóloga Elaine Ribeiro /Foto: Arquivo Pessoal

Um princípio importante da amizade é a liberdade, explica Ribeiro. “Amizades que condicionam você a ser o que o outro quer ou espera, que cobram presença constante, que o limitam a ser amigo de outras pessoas, que isolam você do mundo, não devem ser consideradas amizades saudáveis”.

Segundo a profissional, transformar sua forma de ser para estar com aquele que considera amigo e perceber que a amizade causa um peso ao invés de alegria, são sinais fortes de que essa relação não é saudável. “Intimidação, agressão, vitimização, formas de desqualificar o outro, todas são sinais, que se percebidos, devem ser um alerta para isso”, indica.

A psicóloga acredita que amigos devem levar uns aos outros para bons caminhos e bons propósitos. “Uma amizade com bons propósitos deve favorecer em nós bons caminhos e boas escolhas, a partilha de sentimentos positivos e até mesmo dessa fraternidade que não mede esforços para ajudar o outro e ajudar o lugar onde se vive. Por isso a importância de definirmos tão bem quem são esses amigos, se realmente possuem propósitos de vida ou contra a vida”, comenta. Ela acrescenta a importância da avaliação se um amigo é amigo para toda a hora, ou se é amigo apenas para aquilo que não convém; e se essa amizade constrói ou destrói.

Jesus também quis ter amigos

Lázaro foi um amigo de Jesus citado na Bíblia. O texto sobre sua morte e a tristeza de seus familiares foi uma das motivações do choro de Jesus — que teve essa emoção descrita apenas três vezes na Bíblia. Padre Tiago destaca que a amizade entre Jesus e Lázaro mostra que amigos são presentes de Deus que todos precisam.

“Se o próprio Deus feito homem teve um amigo, nós, Seus seguidores, ao vivermos bem as amizades que Ele próprio coloca em nosso caminho, temos a oportunidade de viver na presença d’Ele ao nos dedicarmos a um amigo”.

Uma amizade surgida na faculdade

Laura e Julia / Foto: Arquivo Pessoal

A radialista e estudante Laura Lo Monaco, e a estudante Júlia Mendes Cunha contaram sobre a amizade das duas e apontaram a característica que mais admiram na relação criada por elas: a amizade leva ambas para mais perto de Deus.

As meninas se conheceram na faculdade e revelam que, com o tempo, foram se aproximando e solidificando os laços. Gostos e temperamentos parecidos, a mesma fé e outras afinidades foram determinantes para isso.

“A Júlia é uma pessoa sincera e que busca viver a fé de maneira autêntica, admiro muito isso”, comenta Laura. Já Julia aponta o bom humor da amiga como algo marcante. “Ela sempre está muito feliz, (…) apesar das inúmeras situações que ela vive”. Outro adjetivo de Laura é a sua determinação.

No campo da fé, Laura recorda que as conversas com Júlia são geralmente sobre assuntos relacionados ao catolicismo. “Compartilhamos os livros católicos que estamos lendo, falamos sobre a vida dos santos, sobre as Sagradas Escrituras e, principalmente, sobre a beleza que é buscar a Deus. Estas conversas nos edificam e nos ajudam mutuamente a caminhar pelos retos caminhos do Senhor”.

Um sentimento capaz de transformar o mundo

A amizade pode ser sinônimo de unidade, companheirismo e fraternidade, conceitos bastante disseminados pelo Papa Francisco. Padre Tiago concorda que a verdadeira amizade é capaz de dar pistas para um mundo melhor.

“Toda mudança se funda no amor e é justamente o amor a máxima precisa para estreitar os laços de amizade! É justamente a partir do amor que, com dedicação, uma amizade sadia se firma e, juntos, em Jesus, os amigos são capazes de transformar a realidade por meio do amor”, pontua.

Laura e Julia também acreditam na mesma premissa que o sacerdote. “Um bom amigo é capaz de deixar a vida melhor e mais leve! Além de serem companhia e suporte nos momentos bons e maus da nossa vida, um bom amigo chama a nossa atenção quando estamos no caminho errado, pois quer o nosso bem”, acredita a primeira.

“Sempre me senti muito leve, principalmente quando eu parava para conversar com a Laura, parecia que eu me tornava capaz de esquecer um pouco das preocupações e da agitação da vida”, conclui Julia.

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