A Câmara dos Deputados aprovou a urgência no debate do projeto de lei da anistia. O PL e os partidos do centrão deram apoio total ao texto que será alterado para a votação do mérito. O deputado Paulinho da Força foi escolhido como relator.
Reportagem de Francisco Coelho e Ersomar Ribeiro
Foram 311 votos a favor da urgência no texto para anistiar condenados por tentativa de golpe de estado e por atos contra o Estado democrático de direito. Número mais do que suficiente para a aprovação de proposta de emenda à Constituição que precisa de 308 votos.
O relator da anistia já foi escolhido. Será o deputado Paulinho da Força do Solidariedade. Em conversa com jornalistas, o parlamentar afirmou que vai buscar um texto de consenso entre os três poderes da República. A ideia é colocar a proposta em votação na semana que vem.
“O país não aguenta mais essa polarização e para pacificar vai ter que ser uma coisa que talvez as pessoas não concordem muito, mas que é aquilo que o país precisa. Então vamos conversar com o Supremo também, se for o caso, se tiver dificuldade, se a gente perceber que tem algum ruído do Supremo para que a gente possa pacificar”, afirmou o relator da anistia, o deputado Paulinho da Força, do partido Solidariedade(SP).
A votação representa uma derrota para o governo que vinha trabalhando para impedir o avanço da proposta. O texto com a urgência aprovada não será o mesmo levado à apreciação do mérito. Parlamentares do PL insistem em um projeto que perdoe Jair Bolsonaro, mas o Palácio do Planalto vai pressionar para um texto com a diminuição das penas e mantendo a inelegibilidade do ex-presidente.
Ao fim da votação, o presidente da Câmara defendeu a necessidade de pacificação no país. “Sempre que alguém se declarou dono da verdade, o país perdeu. E nesse caminho de construção coletiva, quero reafirmar a mensagem que guia nossa gestão. O Brasil precisa de pacificação”, ressaltou o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Hugo Motta do partido Republicanos(PB).
Na avaliação de governistas, a anistia não será capaz de pacificar o país. “Falar em pacificação. Alguém aqui acredita que eles querem pacificar alguma coisa? Foi o ataque sistemático às urnas eleitorais”, concluiu o líder do PT, Lindbergh Farias do PT(RJ).