Eleições 2014

Debates patéticos: socióloga critica forma de expor propostas

A socióloga e cientista política, Dóra Soares, critica os debates com candidatos aos cargos eletivos na política brasileira

André Cunha
Da redação

Dóra Soares, socióloga e cientista política / Foto: Arquivo CN

Dóra Soares, socióloga e cientista política / Foto: Arquivo CN

A um mês das eleições, o noticias.cancaonova.com inicia hoje uma série de reportagens semanais sobre a política no Brasil.

O atual sistema político brasileiro é regido pela democracia. Por isso, em outubro, mais de 140 milhões de brasileiros irão às urnas para escolher a presidência do Brasil, governadores, senadores, deputados federais e estaduais ou distritais.

Para a socióloga Dóra Soares, o voto é a principal característica de uma nação democrática. Mas votar, segundo ela, deveria ser apenas um direito do povo, não um dever. “Acho que o voto tem que ser livre, pois todo cidadão tem que ter consciência de que ele financia o sistema político brasileiro”.

A especialista destaca ainda os debates com candidatos, muito comuns no período eleitoral. Segundo ela, estes também significam uma forma de participação do povo na democracia do país. Por outro lado, ela critica a forma como são realizados atualmente.

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“Estes debates, que pra mim são patéticos, deveriam acontecer anos antes das eleições, uns dois anos pelo menos, pra você saber que país você quer, qual o projeto de cada um [candidato]. Agora, é um monte de palavras de ordem, um querendo humilhar o outro. Nós é que deveríamos discutir o que nós queremos para o país”, opinou.

Os responsáveis pelo País

Dóra acredita que a população brasileira não tem tradição de participação na política. Isso porque, segundo ela, o povo ainda pensa que os governantes são os responsáveis pelo desenvolvimento do país. “É o contrário!”, afirma! “Eles têm que fazer aquilo que nós achamos melhor para o país. Eles são nossos representantes”, explicou.

Neste contexto, Dóra afirma que o cidadão tem o direito de fiscalizar o Executivo, de ter sonho, saber o que quer. “Senão é impossível saber se está bom ou não a administração porque não se tem referência de onde chegar. É um dever saber em que país você quer viver!”.

“É direito a vida digna, saudável, feliz. É direito que o bem comum seja preservado: a água, o solo, as árvores; o direito das futuras gerações deve balizar a nossa ação com relação ao meio ambiente, à violência, qualidade da educação, da cultura do lazer e do esporte”, destacou.

Não foi sempre assim…

Atualmente, o país é democrático, mas não foi sempre assim. Há quase 200 anos, o Brasil foi liderado pela Monarquia (1822 – 1889); a República Velha prevaleceu de 1889 a 1930; a Era Vargas, de 1930 a 1945; a República Populista, entre 1945 e 1964; e a Ditadura Militar, a partir de 1964. O retorno da democracia e o fim da ditadura se deu em 1985, mas ainda com o voto indireto.

Em 2014, o movimento das “Diretas já” completou trinta anos. As manifestações populares de 1984 foram as principais responsáveis pelo retorno da democracia ao Brasil, após 21 anos de ditadura. A primeira eleição com o voto direto ocorreu em 1989.

Desde então, avanços como a independência dos Poderes, seis eleições diretas para o Planalto, a criação de agências reguladoras e instrumentos de controle, bem como a regulamentação da Lei de Acesso à Informação (LAI), caracterizam a democracia no país.

Apesar das mudanças nos sistemas políticos – que acontecem, sobretudo, por interesses econômicos, segundo a socióloga Dóra Soares – a democracia prevalece e caracteriza a melhor forma de governo, pois promove a participação popular, num sistema em que o cidadão pode intervir, caso não concorde.

Como funciona a democracia no Brasil? Assista ao vídeo:

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