Candidatos à presidência respondem perguntas sobre reforma política, saúde, educação, aborto, maioridade penal e descriminalização das drogas
Jéssica Marçal
Enviada especial a Aparecida
Oito dos 11 candidatos à presidência da república participaram na noite desta terça-feira, 16, do debate promovido pela CNBB. Reunidos no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, nas dependências do Santuário Nacional de Aparecida (SP), os candidatos tiveram mais uma oportunidade de apresentarem suas propostas de governo ao eleitor.
Participaram deste debate oito candidatos que têm representação no Congresso Nacional: Aécio Neves (PSDB), Dilma Roussef (PT), Eduardo Jorge (PV), Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (PSOL), Marina Silva (PSB) e Pastor Everaldo (PSC).
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O arcebispo de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo Damasceno de Assis, abriu o debate fazendo um discurso em que demonstrou o objetivo da CNBB com a iniciativa: proporcionar ao eleitor o conhecimento das propostas e, assim, ter critérios para um bom voto.
A primeira pergunta respondida pelos candidatos foi sobre reforma política. De forma geral, eles se mostraram favoráveis à reforma e destacaram os pontos que pretendem trabalhar em seus governos.
Perguntas dos bispos
Já no segundo bloco, as perguntas foram feitas por oito bispos, abrangendo os seguintes temas: juventude, família, laicidade do Estado, desigualdade social, educação, comunicação, direitos humanos e questão indígena. As perguntas foram gravadas em vídeo e exibidas e sorteadas no momento do debate.
A primeira a responder foi a candidata Marina Silva, que falou sobre seus projetos para conter a violência e proporcionar um futuro de esperança para os jovens. “Que a juventude possa ter os meios necessários para desenvolver suas capacidades”. Ela defendeu educação de qualidade, acesso ao emprego e ao lazer e um sistema de segurança para combater drogas e armas.
Levy Fidelix respondeu sobre os projetos de proteção à família. Ele considerou a família como indissolúvel e disse que seu governo fará de tudo para preservar as famílias dando a elas as condições necessárias para bem viver.
Já a candidata Luciana Genro foi indagada sobre a laicidade do Estado, sobre o modo como a questão será tratada em seu governo. Ela disse não ser uma pessoa religiosa, mas tem respeito pelas religiões. “Entendo que a laicidade do Estado deve ser defendida como garantia para todas as religiões e para quem não tem religião. As políticas públicas não podem estar subordinadas a nenhuma crença. É preciso pregar o bem e a igualdade independente da religião”.
A candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff, respondeu sobre desigualdade social. Ela reafirmou seu compromisso com a redução da desigualdade, citando um relatório da ONU que mostrou que o Brasil saiu do mapa da fome. Ela também falou dos programas do governo dedicados a essa questão, bem como da importância da agricultura familiar nesse processo.
A educação foi o tema sorteado para o candidato Aécio Neves, que defendeu a necessidade de qualificação, inclusive para a criação de metas.
Pastor Everaldo respondeu a uma pergunta sobre o projeto que prevê a proibição da concessão de rádio e TV para emissoras católicas. Ele se posicionou contrário ao projeto, defendendo a liberdade de imprensa. “Eu sou contra qualquer regulação nesse sentido”.
O candidato Eymael respondeu sobre o tema “direitos humanos”, perguntado sobre o que pretende fazer com relação à realidade dos moradores de rua. Ele enfatizou seu compromisso com a família e seus valores. “A dignidade humana é pedra fundamental do pensamento da democracia cristã e quando se fala de recursos humanos temos que falar de igualdade de oportunidade”.
Concluindo essa rodada de perguntas, o candidato Eduardo Jorge respondeu sobre a questão indígena. Ele foi perguntado sobre quais providências seu governo pretende adotar com relação à demarcação de terras indígenas. A resposta foi que, se eleito, assinará todas as demarcações em um único dia.
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Perguntas dos jornalistas
O terceiro bloco do debate foi dedicado às perguntas dos jornalistas das emissoras de inspiração católica que participaram da cobertura. As perguntas também foram realizadas mediante sorteio.
Nessa etapa, foram abordadas temáticas como homofobia, contas públicas, saneamento básico, saúde, aborto, revogação da maioridade penal, reforma tributária e descriminalização das drogas.
“Qualquer tipo de discriminação deve ser considerado crime, incluindo a homofobia”, declarou o candidato Aécio Neves.
Sobre as contas públicas, especialmente a divisão justa dos royalties, Levy Fidelix defendeu a aplicação dos recursos do pré-sal na saúde e na educação.
Marina Silva fez uma reflexão sobre saneamento básico. “Nosso compromisso é fazer com que as pessoas possam ter o saneamento, que o governo federal se responsabilize pelo tema junto aos prefeitos”.
À candidata Dilma Rousseff foi dirigida uma pergunta sobre saúde. Ela falou do programa “Mais Médicos”, já realizado pelo governo federal, e anunciou como proposta o “Mais especialidades”, uma rede que integraria laboratórios e especialistas.
A questão do aborto foi respondida por Eduardo Jorge. Ele considerou que a diminuição do aborto está atrelada à expansão do planejamento familiar e da educação sobre sexualidade, o que constitui, segundo ele, uma questão cultural. Enquanto isso não acontece, ele defende que as mulheres que fazem o aborto não sejam abandonadas em condições precárias.
Sobre a revogação da maioridade penal, Pastor Everaldo disse que suas propostas envolvem atividades esportivas para esses “jovens deliquentes com pequenos delitos” e a privatização de presídios, bem como a construção de outros, junto com a iniciativa privada.
Luciana Genro falou sobre reforma tributária, destacando a necessidade de propostas que tenham apoio popular. Fechando o ciclo de perguntas dos jornalistas, Eymael respondeu sobre a liberação da maconha, posicionando-se contra.
No quarto bloco, os candidatos, mediante sorteio, fizeram perguntas entre si, com direito à réplica. O debate foi concluído com as considerações finais de cada candidato.