SAÚDE

Data recorda cuidados e especialista explica como lidar com o lúpus

Doença autoimune e inflamatória atinge 65 mil brasileiros, não tem cura, mas, segundo médico especialista, os remédios atuais garantem qualidade de vida a quem convive com o lúpus

Thiago Coutinho,
Da redação

O lúpus é uma doença autoimune, não tem cura, mas pode ser controlada / Foto: Freepik.com

Nesta quarta-feira, 10, é celebrado o Dia Internacional de Combate ao Lúpus, data dedicada a dar luz a esta doença autoimune, inflamatória e crônica. Segundo o Ministério da Saúde, o lúpus está dentre as mais de 80 doenças autuimunes conhecidas atualmente.

“Imunidade é uma defesa. Uma doença autuimune vira-se contra as próprias células. Ao invés de ser um agente externo é um agente interno. Ele não reconhece aquilo dele como próprio”, explica o reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Marco Antônio Araújo da Rocha Loures.

Segundo o presidente da SBR, uma das as prováveis causas do lúpus é o fator genético. “Existe uma facilidade de o organismo ou produzir anticorpos a mais sensíveis ou algum antígeno estimula o organismo a produzir anticorpos contra suas próprias células. Isso causa uma inflamação, essa interação entre antígenos e anticorpos, e essa inflamação produzem várias lesões no organismo”, explica o reumatologista.

Dor nas articulações, cansaço, febre, fadiga, vermelhidão na face são alguns dos principais sintomas relacionados ao lúpus. “São sintomas comuns a outras doenças”, acrescenta o especialista. “Mas, conforme realizamos os exames físicos, familiares e de laboratório conseguimos fechar um diagnóstico”, reitera.

Origem desconhecida

A medicina contemporânea ainda não descobriu a origem e o desiquilíbrio desta autoimunidade que causa o lúpus. “Existem alguns vírus que poderiam ser estimulante desta autoimunidade, mas não é algo ainda provado, não é uma teoria confirmada”, diz Marco Antônio. “Ainda temos muitas perguntas a serem respondidas”.

O tratamento não é específico. Muitos estudos estão sendo levados a cabo. A vantagem, segundo o presidente da SBR, é que os tratamento atuais são bem melhores do que aqueles oferecidos três décadas atrás. “É uma doença com vários tipos de anticorpos, são vários caminhos para as inflamações. Por isso é difícil ter um tratamento específico. Mas, os tratamento hoje são muito melhores que trinta, quarenta anos atrás. Controlam melhor a inflamação, evitam óbitos a ajudam na qualidade de vida”, assegura.

Se você fuma, pare

Ainda que a ciência não tenha todas as respostas quando se trata do lúpus, o tabagismo pode trazer muitas dificuldades para quem porta a doença. “Realmente, o tabaco prejudica as pessoas lúpicas. A orientação é parar de fumar. Sabemos que as pessoas têm dificuldade [em parar de fumar]. Mas, realmente o cigarro é um fator de risco, a doença pode piorar”, alerta o reumatologista.

Mais vítimas mulheres

Segundo estimativas, o lúpus atinge mais mulheres do que homens — mais um mistério em torno da doença que a ciência ainda não explica. São 9 em cada 10 adultos portadores de lúpus são mulheres entre 15 e 44 anos.

A dentista Andrea Silveira Penteado é um exemplo. Ela só soube que era portadora do lúpus após constatar outra doença: hepatite. Após vários exames, a junta médica chegou a esta conclusão. Andrea, porém, garante que convive bem com a doença por levar uma vida ativa e seguir uma dieta balanceada.

“Sou bailarina, então, pratico balé desde criança. Para mim, o grande problema do lúpus é a fadiga e a dor. Mas, se eu contraio uma gripe, a doença se arrasta por vários dias. Às vezes, se a doença não estiver bem controlada, pode até se estender a outros órgãos”, explica.

Segundo o Ministério da Saúde, o lúpus pode se manifestar de quatro formas distintas: Lúpus Discoide (fica limitado à pele da pessoa e pode ser identificado com o surgimento de lesões avermelhadas no rosto, nuca e couro cabeludo); Lúpus Sistêmico (é o mais comum e pode ser leve ou grave, conforme cada situação, e pode atingir vários órgãos ou sistemas); Lúpus induzido por drogas (essa forma do lúpus também é comum e acontece porque substância de algumas drogas e/ou medicamentos podem provocar inflamação) e o Lúpus neonatal (esse tipo de lúpus é bastante raro e afeta filhos recém-nascidos de mulheres que têm lúpus).

Embora a doença não tenha cura, o tratamento paliativo controla e até pode fazer com que a doença desapareça. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece acompanhamento e tratamento corretos para combater a doença.

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