Segundo o pregador dos Exercícios Espirituais, a ideologia econômica pode impedir os homens de se encontrarem com Cristo
Da redação, com Rádio Vaticano
Os Exercícios Espirituais para o Papa e Cúria Romana seguiu para o seu terceiro dia, nesta terça-feira, 11, na casa Divin Maestro (Divino Mestre), em Ariccia, a cerca de 40 quilômetros de Roma.
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O pregador do retiro monsenhor Angelo De Donatis, durante sua colocação, destacou a beleza da criatura humana que está destinada a desfazer-se se o amor misericordioso que Deus dá aos homens não lhes penetrar em profundidade.
Monsenhor Donatis também se referiu à passagem do encontro de Jesus com o endemoninhado, narrada por São Marcos (5, 1-20).
“Um episódio que, pela reação dos proprietários dos porcos, nos aproxima do que acontece hoje no mundo. De fato, ninguém, narra São Marcos, deu-se conta daquele jovem que, libertado do demônio, voltava à vida, porque estavam mais preocupados com o dano econômico provocado pela morte daqueles dois mil porcos, a ponto de expulsarem Jesus, o qual se retirou sem dizer nada. Efetivamente, uma ideologia econômica impediu que aqueles homens encontrassem Jesus”, explicou.
De acordo com o pregador, diante da ideologia econômica pagã, põe-se a religião. “Jesus expulsa o demônio. E o homem encontra-se livre, libertado por Cristo. Não tem medo, está livre do medo. Deus o salvou. E o salvou não porque tivesse feito algo de extraordinário, mas porque tinha chegado ao amor misericordioso de Deus”.
Monsenhor Donatis considera que para chegar a esse amor é necessária a ajuda do Espírito Santo. “Sem Ele seria impossível”, disse. “De fato, não servem as nossas obras para chegar a Deus. O necessário é a essencialidade do amor em Cristo”, completou.
Outra afirmação do pregador se deu em torno da Carta de São Paulo aos Efésios (2, 1-10). Segundo ele, a tarefa dos católicos não é mostrar ao mundo o que a Igreja faz, o que fazem os padres, os cristãos, mas mostrar o que Deus faz por meio deles. Quando, segundo disse, ao invés, se coloca em primeiro plano o empenho, as obras, corre-se o risco de tornarem-se mundanos.
“Portanto, devemos libertar-nos da tentação de querer sempre fazer algo esquecendo que, na realidade, fomos salvos gratuitamente. Hoje é muito difusa essa fome de aparecer com nossas obras. Mas a verdadeira ‘boa obra’ é Cristo”, observou.
Neste sentido, o pregador propôs aos católicos uma reflexão: “como é possível que as pessoas, vendo o volume de trabalho e obras que a Igreja realiza, não louvam o Senhor? Evidentemente, algo não está certo”.
“Portanto, não se deve continuamente buscar aplausos, nem alimentar invejas clericais. A pastoral moderna é em boa parte um esforço do fazer, na realidade, tudo deveria brotar como fruto do Espírito Santo”, salientou.