Dom Murilo Krieger é um dos palestrantes e destaca a importância dos estudos sobre Maria
Julia Beck
Da redação
“O rosto mariano da Igreja” é o tema da 12ª edição do Congresso Mariológico, que começa nesta quarta-feira, 16, em Aparecida (SP). O vice-presidente da CNBB, Dom Murilo Krieger, que fará a abertura do evento, destaca a importância dos estudos sobre Maria como uma forma de respeitar a vontade de Deus sobre ela e dar a ela o lugar que Deus deseja.
“Nós queremos, ao estudar Maria, fazer somente uma coisa, respeitar a vontade de Deus sobre ela e dar a ela não o lugar que a Igreja, ou um Papa, ou um santo deseja, mas que Deus deseja. Quem introduziu Maria na vida de Cristo e da Igreja foi o Pai, que a escolheu, que a preparou e que a formou. A Igreja apenas respeita o que o Pai fez e faz: dar a Maria um lugar único”, declarou Dom Murilo, arcebispo de Salvador (BA).
Além da abertura, Dom Murilo fará duas palestras no encontro: “Maria, primeira leiga cristã na palavra de Deus” e “Maria na tradição cristã”. O evento, que segue até sábado, 19, e é promovido pela Academia Marial de Aparecida e a Faculdade Dehoniana de Taubaté, reunirá estudiosos da Mariologia, teólogos, religiosos e leigos no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional.
Com o tema “O rosto mariano da Igreja”, o congresso pretende sublinhar a presença de Maria na vida de Cristo e da Igreja, à luz de textos bíblicos e de autoria de sacerdotes e teólogos dos primeiros tempos da Igreja. “Maria não foi estudada porque achavam interessante conhecê-la, foi estudada porque vimos sua presença sempre na vida de Jesus e na vida da Igreja”, completou o arcebispo.
“Na vida de Cristo, foi ela que deu seu sim e o verbo se fez carne. Ela o gerou, o educou e o acompanhou até a morte de cruz. Quanto à presença de Maria na vida da Igreja, em Pentecostes, quando os apóstolos receberem o Espírito Santo e entenderam qual a mensagem de Jesus, e qual a missão que eles deveriam executar, quem estava presente no cenáculo de Jerusalém? Maria”, relatou o vice-presidente da CNBB.
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Além do conhecimento acerca do rosto de Maria na vida de Cristo e da Igreja, Dom Murilo atribui ao congresso uma oportunidade de reafirmar, no Ano do Laicato, Maria como modelo para os religiosos e religiosas, pessoas consagradas e como leiga. “Ela nos mostra, e isso acho que é o grande ensinamento, que a vida dela tinha um foco, fazer a vontade de Deus, ou seja, Deus era o foco da sua vida e tudo girava em torno disto”, observou.
Segundo o arcebispo, diante dos vários pedidos de Deus, Maria foi sempre generosa e colocou-se a serviço: “Eis a serva do Senhor”, recordou. Para Dom Murilo, esta postura de Maria demonstra um coração centrado em Deus. “A vida de Maria é profundamente cristocêntrica, Cristo está no centro e isso percebemos nos santuários marianos, como por exemplo o de Aparecida. Muitos vão lá por causa de Maria, atraídos pelo acontecimento de Aparecida, mas o que se percebe em pouco tempo é que no centro de todo o trabalho está Jesus, o centro da Basílica não é onde está a imagem de Nossa Senhora, mas é o altar, onde toda a comunidade se reúne antes ou depois de passar em frente da imagem”.
Difusão do conhecimento Mariano
O arcebispo mencionou ainda a grande participação de líderes de comunidades no congresso e a importância direta destes representantes na propagação dos conteúdos do congresso.
“As ideias que forem apresentadas no congresso serão depois espalhadas pelo Brasil, não serão apenas para o enriquecimento daqueles que lá estiverem. Então a grande vantagem de um congresso é a de ser multiplicador, mesmo porque depois as palestras são editadas em livro e todo mundo passa a ter acesso àquilo que foi apresentado”, sublinhou.
De acordo com o arcebispo, o congresso tem a marca de sempre trazer sínteses, pois antes de um aprofundamento sobre cada tema é importante uma visão geral para que o cristão possa discernir em que quer se aprofundar.
Um líder marcado pela devoção
Comum aos Papas, Dom Murilo recordou a tradicional devoção do Papa Francisco a Nossa Senhora. Segundo o arcebispo, o Pontífice, apesar de ter sua devoção presente em textos, tem nos gestos concretos sua maior expressão de amor a Maria. “Bento XVI nos deixou textos belíssimos e profundos sobre Maria, também João Paulo II, Paulo VI, e da parte do Papa Francisco são mais gestos”.
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O bispo recordou os exemplos de devoção Mariana do Santo Padre. “A cada viagem que ele faz, especialmente em viagens internacionais, ele vai à Basílica de Santa Maria Maior oferecer e pedir a proteção de Maria. Ao retornar da viagem, antes de entrar no Vaticano, vai a Santa Maria Maior, e nos lugares onde visita faz consagrações a Nossa Senhora. Ele demonstra ter uma devoção Mariana muito popular que vem do povo latino-americano”.
Para Dom Murilo, Francisco quer demonstrar em seu pontificado que Maria está presente no cotidiano do cristão e, mais que alguém alvo de estudos, é alguém que deve ser inserida na vida de cada fiel.