Mesmo com espírito democrático, os protestos que levaram milhares de brasileiros às ruas dividem a opinião pública por causa do vandalismo infiltrado nos movimentos pacíficos. O momento é uma oportunidade para os cristãos questionarem sobre sua participação nas manifestações sociais.
Assista à reportagem de Catarina Jatobá
O rosto pintado de verde e amarelo estampam as cores de um sonho: tornar o País mais justo e democrático. Sonho que é próprio da juventude, que tem coragem de ir às ruas e caminhar em direção às mudanças.
Mas nestes protestos pacíficos entra também a depredação, de grupos que apelam para a violência. E, neste ponto, surge um questionamento: como os cristãos devem agir?
Em encontro com professores e estudantes, o Papa Francisco comentou sobre qual deve ser o compromisso social da juventude. Ele afirmou que, para o cristão, é uma obrigação envolver-se na política, citada por ele como uma das mais altas formas de caridade, por buscar o bem comum.
Para o Bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), Dom João Justino de Medeiros, a expressão religiosa assume também uma dimensão política, que pode ser expressa por meio de manifestações.
"Nesse sentido, nós católicos e todos os cristãos, e todos os cidadãos brasileiros, são chamados sim a manifestar, mas a descobrir que essa manifestação deve ser feita de modo pacífico, como construtores de uma sociedade nova. Nós não construímos se destruímos, sobretudo aquilo que é o bem público e o bem maior, que é a vida das pessoas", explicou.
E a juventude, o que pensa a esse respeito? "Com certeza deve se envolver sim, senão seria se omitir, né? diante das coisas que estão acontecendo", afirma uma jovem de Belo Horizonte.
"A gente, como católico, cristão ou qualquer tipo de religião, vive na sociedade como qualquer um e tem que reivindicar seus direitos, e a questão da manifestação tem que ser pacífica, mas insistente", diz outro jovem mineiro.
Para o padre Geovane Marques, da Paróquia Cristo Rei em Belo Horizonte, os movimentos populares podem ser feitos de forma coerente com a doutrina cristã.
"Nós vemos nessas manifestações uma oportunidade muito rica de fazer valer o Evangelho de Jesus Cristo, que nos convida a lutar pelos direitos humanos, pela solidariedade, pela justiça. Não existe uma orientação direcionada para a participação nessas manifestações, mas existe um acolhimento da nossa parte e, ao mesmo tempo, a indicação de cuidados, com relação ao excesso na condução dessas manifestações, sobretudo, ligadas ao vandalismo, isso nós repudiamos", destacou.
Na dúvida de como participar, segue uma dica prática:
"A juventude deve sim colocar-se nesse caminho de busca para uma transformação da sociedade, mas volto a dizer, colocando como critérios os ensinamentos de Jesus Cristo", afirmou padre Marques.