Ter fé religiosa é antes de tudo uma questão de confiança. Então, logicamente, esse ato de assentimento da nossa vontade, só se pode referir a uma pessoa, e não a uma lista de artigos a crer. Pois no ato de fé comunicamo-nos com alguém. A gente “fecha” em cima da única pessoa em quem confiamos plenamente. Refiro-me à pessoa incomparável de Jesus. Isso purifica a nossa consciência, pois o “homem é justificado pela fé” (Rom 3, 28). Segundo o meu entender, o ato de fé é a maior força do mundo. Ela é de verdade capaz de “transportar montanhas” (Mt 17, 20). Ela pode assumir três estágios, dentre os quais queremos atingir o terceiro, por ser o mais perfeito.
O primeiro degrau na fé, é a fase da busca, do estudo sincero para conhecer a verdade. Ela admite momentos de vacilações, de retomadas e de aprofundamentos. É um ato que depende da nossa inteligência. Nós queremos compreender. E se entramos na região dos mistérios, queremos pelo menos saber que não se trata de nada irracional.
O segundo momento, muito importante, é quando entra em cena a nossa faculdade mental mais nobre, que é a vontade. Tendo compreendido a beleza do objeto de nossa fé, então damos crédito, damos o nosso assentimento. Sentimo-nos salvos, porque sabemos que estamos no agrado de Deus. Tornamo-nos filhos do Pai Celeste. É o que os apóstolos chamavam “aceitar Jesus”. As dúvidas se reduzem a pequenos pormenores. Só precisamos de pequenas correções, continuamos cautelosos para manter-nos vigilantes, procuramos aperfeiçoar o que nos foi revelado, corrigimos periodicamente o que já aceitamos. É como voar no “piloto automático”.
Mas eu gostaria de mostrar uma outra fase, mais profunda, que transforma a fé em vida abundante. É como se você tirasse a carne do freezer,e a transformasse em comida gostosa, cujo cheiro se espalha por toda a redondeza. É o encontro fascinante com Cristo. É a experiência afetiva, dirigida pelo Espírito Divino. Para a nossa fé se tornar inspiração de vida autêntica, devemos repetir a vivência de fé que tiveram Maria e os Apóstolos no Cenáculo.
Esse é o Pentecostes permanente. O cristianismo profundo só pode nascer de um encontro afetivo com o Salvador. Tendo como referência o fascínio do Filho de Deus, a vida se enche de motivação e de ideais deslumbrantes. Os horizontes das tarefas humanas se alargam. “Eu sei em quem depositei a minha confiança” (2 Tim 1, 12).
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