Aconteceu nesta sexta-feira, 26, a 11ª sessão da Caravana de Anistia, no auditório Dom Helder Câmara, sede da CNBB, em Brasília (DF), organizada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, com o objetivo de julgar processos de torturados da ditadura militar no Brasil. Hoje foram julgados 13 processos de religiosos perseguidos durante a repressão.
O presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio e o e o secretário-geral, Dom Dimas Lara Barbosa, participaram do evento, bem como o presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), pastor sinodal Carlos Müller. Do Ministério da Justiça participou Luiz Paulo Teles Barreto, ministro da Justiça interino. Da Comissão de Anistia participou o presidente Paulo Abraão.
Caravana da Anistia – Ministério da Justiça
Saudações de Dom Geraldo Lyrio Rocha,
Presidente da CNBB
1. Acolhimento
Acolhemos com alegria, na sede da CNBB, a Caravana da Anistia da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça.
Acolhemos com alegria todos os presentes, com uma fraterna saudação de co-responsabilidade pela mesma causa que nos leva a colocar em visibilidade os irmãos e irmãs que acreditaram que a paz é fruto da Justiça e por esta causa se doaram ou mesmo deram a própria vida.
Eles e elas sonharam o mesmo sonho que sonhamos hoje: uma sociedade justa e fraterna, uma democracia sólida com liberdade, na verdade.
O julgamento que hoje acontece na sede da CNBB, no auditório Dom Hélder Câmara, como uma promoção da Comissão de Anistia, em parceria com várias entidades, quer expressar a comunhão com a utopia do salmo 85 em que a "a justiça e a Paz se abraçarão", apontando para a profecia do profeta Isaias para quem "justiça e paz" são duas notas características da era messiânica.
Daí porque ouviremos o texto da carta aos Hebreus: por causa da fé, muitos explicitaram sua fidelidade com os olhos fitos naquele que deu a "vida para que todos tenham vida".
2. A Igreja neste período de exceção do país
Falando em nome da CNBB e da Igreja Católica, rememoramos com constrangimento os anos da ditadura militar. Um período de sofrimento. No entanto, assistimos diante do quadro da história, a procissão de tantas pessoas, anônimas ou reveladas, que, por causa do Evangelho, não aceitaram que o Brasil fosse invadido pelas forças da repressão, da tortura, da morte. A nuvem de testemunhos nos conforta.
A Igreja que tem a missão de anunciar a Boa Nova da libertação se solidarizou com aqueles e aquelas que acreditaram na força da palavra de Jesus: "Felizes os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o Reino de Deus".
3. Missão sublime da Comissão de Anistia
Queremos, neste momento, valorizar o intenso trabalho da Comissão de Anistia que se empenha em restaurar a justiça e coloca diante das novas gerações a memória da verdade.
Aqui se expressam, na pratica, as palavras de São Paulo ao afirmar que a esperança não decepciona. Esta esperança nos leva a repetir: "Tortura nunca mais", repressão nunca mais; nunca mais tenhamos que viver momentos tão indignos no nosso País! É o que esperamos.