Novidade

Colunista irá aprofundar temas da Doutrina Social da Igreja

Especialista escreverá semanalmente sobre o tema relacionando-o com o cotidiano e a missão evangelizadora da Igreja

Pe. Antonio Aparecido Alves*

Uma Doutrina Social!

Todos conhecemos algo que a Igreja, como Mãe e Mestra, nos ensinou ao longo da vida. No início foi a preparação para a primeira comunhão, depois para a crisma. Para outros, mais tarde, a preparação para o matrimônio e o batismo de filhos e afilhados. Alguns se aventuraram um pouco mais e fizeram cursos e encontros de formação sobre a doutrina cristã em geral. Porém, são poucos os que conhecem a Doutrina Social da Igreja.

A dimensão social da fé não é algo recente, mas uma constante no cristianismo, a julgar pela prática das primeiras comunidades cristãs (At 2,42-47; 4,32-35). O testemunho que temos dos que viveram mais próximos da era apostólica, chamados de “Padres da Igreja” é eloquente no que tange a esta preocupação social. Embora não tenham feito um tratado social sistemático, legaram-nos grandes exortações, especialmente no que se refere à destinação universal dos bens da criação.

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Durante toda a Idade média e Idade moderna tivemos a construção de hospitais, asilos, orfanatos e uma incontável quantidade de obras sociais que foram levadas à frente por leigos, religiosos e religiosas, visando atender às necessidades do próximo, minimizando, assim, seus sofrimentos. Além disso, a contribuição de grandes teólogos, como Santo Tomás de Aquino, ajudou a sistematizar teologicamente esta dimensão social da fé.

doutrina social - foto getty images

Doutrina Social tem uma finalidade eminentemente prática, isto é, não é uma teoria social, mas quer ser uma motivação para a ação / Foto: Arquivo Getty Images

Com o advento da industrialização, no entanto, começou uma maneira nova da Igreja fazer-se presente nas questões sociais. A exploração dos operários motivada pela avidez do lucro, que já havia levado à fundação do Partido Comunista com o seu “Manifesto” (1848), obrigou a Igreja a manifestar-se oficialmente por escrito sobre a questão operária. Nesse período havia numerosas iniciativas em andamento, reunidas em torno do que se chamava “catolicismo social”, mas faltava uma palavra da Igreja. A primeira vez em que isto aconteceu foi no ano de 1891 com a Encíclica de Leão XIII, que se chamou Rerum Novarum (Das Coisas Novas), à qual seguiram se diversas outras até os nossos dias, geralmente comemorativas daquela primeira.

Mais perto de nós, São João Paulo II afirmou que a Doutrina Social da Igreja faz parte da missão evangelizadora da Igreja e por isso é um conteúdo essencial da evangelização, de tal forma que todos os projetos e atividades evangelizadoras deveriam contemplar essa dimensão. Além disso, afirmou que essa doutrina tem uma finalidade eminentemente prática, isto é, não é uma teoria social, mas quer ser uma motivação para a ação.

Recentemente, o Papa Francisco escreveu que o querigma, isto é, o anúncio fundamental da fé, tem um conteúdo inevitavelmente social e por isso dedicou um capítulo de sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium sobre o anúncio do evangelho no mundo atual à dimensão social da evangelização (cap. IV) com preciosos ensinamentos sociais, além de uma Encíclica especificamente social, na qual relaciona a questão ambiental com a pobreza.

Em 2005, o Pontifício Conselho Justiça e Paz lançou o Compêndio de Doutrina Social da Igreja, onde, em doze capítulos, apresenta os mais diversos temas sociais, à luz do magistério social da Igreja. No entanto, infelizmente, nem todos se interessam em conhecer a Doutrina Social da Igreja. Alguns julgam que isso é misturar o espiritual com o social e entendem que essas dimensões são absolutamente independentes. Outros a enxergam com desconfiança, por julgarem-na reacionária e favorável à manutenção do status quo burguês. Para outros, ainda, a impressão é a de que esta é uma temática enfadonha por causa de citações de documentos de Igreja e nomes de Papas.

Nesta coluna iremos refletir semanalmente alguns temas da Doutrina Social da Igreja. Espero que ela seja agradável e atraente para motivá-lo a se interessar pelas questões sociais e por este assunto.

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padre-toninho-colunista*Padre Antonio Aparecido Alves é Mestre em Ciências Sociais com especialização em Doutrina Social da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Professor na Faculdade Católica de São José dos Campos e Pároco na Paróquia São Benedito do Alto da Ponte em São José dos Campos (SP). Para conhecer mais sobre Doutrina Social visite o Blog: www.caminhosevidas.com.br

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