Promover a paz e superar a violência será o tema deste edição
Da redação
Aconteceu hoje, 14, Quarta-feira de Cinzas, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, o lançamento oficial da Campanha da Fraternidade 2018, cujo tema será “Fraternidade e Superação da Violência”, e o lema atenderá por “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).
O início da cerimônia foi marcado pela leitura da mensagem do Papa Francisco aos fiéis brasileiros, publicada hoje, início da Quaresma. No texto, lido pelo secretário-executivo de Campanhas da CNBB, padre Luís Fernando da Silva, o Papa convida todos a serem protagonistas da superação da violência, fazendo-se construtores da paz.
Em seguida, o secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), Carlos Alves Moura, tomou a palavra e falou a respeito do tema em torno no qual é centrado a atual edição da Campanha. “A campanha chega num momento muito oportuno. Eu me permitiria, neste momento, tratar de uma temática importante à sociedade brasileira e para todos nós, cristãos. Tem relação com a comunidade negra e os jovens, negros e negras, que são vítimas da violência. Alguns dados dos estudiosos nos estarrecem desta dificuldade e violência. Violência que se assenta em muitas estruturas, que se assenta em muitas posições. Mas que no fundo está recheada de um preconceito e descriminação”, alertou.
Leia mais
.: É necessário promover cultura da paz, diz padre ao comentar tema da CF
.: É urgente superar a violência e cultivar a paz
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, também esteve presente no evento e, em seu discurso, lembrou da importância do amor ao próximo. “Precisamos voltar a amar o próximo, descobrir a capacidade de amar e perdoar. A forma de viver com alento e atenção ao outro, que não é um adversário, mas um irmão. Respeitar os direitos fundamentais de cada um. Tenho certeza que a Campanha será um importante espaço para pensarmos e agirmos com fundamentos de dignidade e respeito. Cada um de nós poderá pensar em caminhar de mãos dadas e não com punhos cerrados”, afirmou.
O arcebispo metropolitano de Brasília e presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, opinou a respeito da escalada da violência no país e da urgência em se tratar o assunto. “A realidade da violência, com suas múltiplas faces, tem-se mostrada cada vez mais cruel e assustadora. A população tem sentido. Nós mesmos temos sentido. Por isso, sabemos que este assunto é urgente, não pode ser descuidado ou deixado para depois. Requer atenção e a participação de todos”,
“Diante do aumento da violência no Brasil, achamos por bem refletir sobre isto”, acrescentou Dom Leonardo, secretário-geral da CNBB. “Por isto, a CNBB propõe refletirmos sobre esta realidade, sobretudo neste início de Quaresma. Que esta campanha nos ajude, não só os católicos, a buscarmos caminhos de superação da violência”.
O coordenador da Frente Parlamentar pela Prevenção da Violência e Redução de Homicídios, deputado Alessandro Molon, falou sobre a seletividade da violência no Brasil, que ataca aos mais pobres e necessitados. “Avalia-se que a bomba de Nagasaki tenha matado 60 mil pessoas. É como se jogasse uma bomba assim no Brasil anualmente. Mas esta violência aqui é seletiva, mata sobretudo jovens pobres e negros. É como se no Brasil a vida valesse muito pouco. Então, a Igreja Católica acerta ao escolher este tema e tocar o dedo na ferida”, declarou o deputado.