Brasília

CNBB inicia diálogo com Lula sobre transposição do São Francisco

"Afirmamos nossa colaboração em tudo o que estiver ao nosso alcance para retomar o diálogo entre Governo e Dom Cappio", foi o que disse, hoje, o presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, durante entrevista coletiva à imprensa, após o encontro com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido no Palácio do Planalto, na manhã desta quarta-feira, 12.

Participaram do encontro, solicitado pela Presidência da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha; o secretário-geral, Dom Dimas Lara Barbosa e o assessor político, padre José Ernanne Pinheiro. Do Planalto, além do presidente da República, estiveram presentes os ministros do Ministério da Integração Nacional e da Secretaria-Geral, respectivamente, Geddel Viana Lima e Luiz Dulci, e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho.

No encontro com o presidente Lula, Dom Geraldo Lyrio e Dom Dimas expressaram "a preocupação com a pessoa e a vida de Dom Luiz Flávio Cappio", que hoje se encontra no seu 16º dia de "jejum e oração" e pediram que "se estudem mais a fundo as implicações do projeto de transposição da água do Rio São Francisco, bem como as propostas alternativas". A solicitação é para que "não se fixassem só na questão do projeto, mas que as possibilidades alternativas fossem igualmente examinadas", afirmou Dom Geraldo. 

Conforme o presidente da CNBB, o diálogo está apenas começando. A primeira atitude após este encontro com o Governo é transmitir ao bispo de Barra o que ocorreu no encontro com o presidente e ouvir de Dom Cappio as suas propostas. Dom Geraldo disse, ainda, que o Governo "está interessado em encontrar uma saída para este momento. O Governo não se mostrou fechado, nem intransigente e está disposto a examinar todas as propostas alternativas", embora "esta disposição não implique em abandonar inteiramente o projeto da transposição do Rio São Francisco", afirmou.

Sobre Dom Cappio, o presidente da CNBB disse tratar-se de um "homem muito reto, que tem consciência dos seus atos" e que ele conta com o "apoio dos irmãos bispos desde o primeiro momento. Já nos manifestamos várias vezes, inclusive com uma nota publicada quando Dom Cappio iniciou o momento de jejum e oração. Ele disse, pessoalmente, em público, que considerou muito positiva a nota da CNBB e expressou muito agradecimento pela maneira como a CNBB vem se posicionando e conduzindo, de forma intermediária entre posições que são antagônicas", destacou Dom Geraldo.

Perguntado sobre a disposição de Dom Cappio ir até ás últimas conseqüências com o jejum, caso suas reivindicações não sejam atendidas, Dom Geraldo afirmou que a CNBB fará tudo para salvar a vida do bispo. "Tememos pela morte do bispo. Por isso, a CNBB conversou com o presidente da República. Queremos Dom Cappio vivo. Ele é uma pessoa importantíssima para a diocese de Barra e para a Igreja no Brasil. Faremos tudo para salvar a vida de Dom Cappio".

O secretário geral, Dom Dimas Lara Barbosa, lembrou que em relação à transposição há muita desinformação, especialmente, em regiões que não são envolvidas pela questão. "Poucos sabem o que está em jogo", afirmou. "Eu sugeri que houvesse um esforço da parte do Governo para explicar o que vem a ser a transposição, porque, parece-me, que não existe ainda suficiente informação da parte da população. Existe uma indiferença, uma apatia muito grande e, mesmo para quem vive na região e nos Estados que seriam os receptores, temos encontrados movimentos significativos que são contrários à transposição. Existem dezenas de ações judiciais em torno do projeto. Ele tem implicações sociais, culturais e na própria dimensão simbólica do Rio São Francisco. Tudo isso exige um esclarecimento maior para a população", ponderou o secretário.

Após a coletiva, Dom Geraldo encontrou-se com o núncio apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri, para comunicar o que foi tratado na audiência com o presidente Lula.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo