Novo presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, foi eleito neste domingo, 28
Denise Claro
Da redação
Na noite deste domingo, 28, o Brasil conheceu seu novo presidente. Jair Messias Bolsonaro (PSL) derrotou Fernando Haddad (PT) no segundo turno da eleição presidencial e, em 1º de janeiro de 2019, assumirá o governo no lugar de Michel Temer. De agora até a posse, o país passará por um período de transição.
O cientista político Maurício Cardoso explica que esta atual fase é, na democracia, um período de diálogo entre aquele que é governante hoje e o novo eleito pelo povo, e se dá normalmente de forma tranquila.
“A equipe de transição normalmente é formada pelos técnicos e pessoas mais influentes da coligação do candidato eleito. Antigamente, este grupo tinha que fazer um deslocamento para Brasília. Hoje em dia, pela facilidade da comunicação, as coisas podem ser feitas no universo digital. O grupo escolhido deve ter noção de sua responsabilidade diante do Estado e maturidade para fazer o enfrentamento dos desafios dos próximos quatro anos com sensatez. Esperamos que as conversas sejam proativas e sirvam para resolver os problemas apresentados.”, diz o especialista.
De acordo com a lei, até 50 pessoas podem ser indicadas pelo novo presidente para formar a Equipe de Transição. Os cargos poderão ser ocupados a partir desta terça-feira, 30, e serão extintos em janeiro, dez dias após a posse.
O objetivo da equipe de transição é garantir o acesso de dados, documentos e informações do governo federal para que a futura gestão possa estar a par do funcionamento dos órgãos e entidades da administração pública federal, das contas públicas, dos programas do governo, além de preparar os atos que o novo presidente tomará após a posse.
Eleições atípicas
Esta será a primeira volta da direita ao governo desde 2003, quando o Partido dos Trabalhadores (PT) assumiu, com Lula. Na votação de ontem, observou-se um grande número de abstenções. Ao todo, contabilizando os brancos e nulos, 42 milhões de pessoas não escolheram nenhum dos dois candidatos (mais de 30% da população).
“É a primeira vez, desde 89, que essa geração participa de um processo tão polarizado. O que é difícil de ser compreendido é o número absurdamente alto das pessoas que tecnicamente viraram as costas para o processo eleitoral. Isso é sintomático, e simboliza um descomprometimento e uma descaracterização que as pessoas tem pelo próprio processo democrático. Quanto àqueles que escolheram um lado ou outro, essas escolhas evidentemente homologam o que é a coisa mais bonita da democracia, que é a vontade da maioria. Se é uma escolha certa ou não, a história e o momento vão nos confirmar. Mas independente da escolha feita, esse número grande de ausência, votos brancos e nulos são preocupantes.”, analisa Cardoso.
Ministérios
O especialista também lembra quem em breve se conhecerão os nomes dos ministros escolhidos. O novo presidente já havia indicado três (General Augusto Heleno, Onyx Lorenzoni, Paulo Guedes),
e em seu discurso apontou o astronauta Marcos Pontes como uma quarta possibilidade, porém faltam algumas definições:
“Quanto à transição, querendo ou não existe já o organograma do próprio Estado. Esse organograma não pode ser mudado. Esse pós-eleição dá um banho de realidade na equipe vencedora. A estrutura política brasileira apresenta uma série de limitações e dificuldades e nem sempre a utopia conserta essa realidade que é factível. Quando os processos eram mais equilibrados e tranquilos, a população já sabia as pessoas que ocupariam as pastas-chave. Neste atual, pela perturbação que nós tivemos, não foi assim. Agora é o momento em que os nomes serão indicados, e isso deve gerar uma segurança na vida pública e na vida política nacional.”