ESPORTE E SAÚDE

Ciclismo pode ajudar na capacidade cardiorrespiratória, afirma especialista

No Dia do Ciclismo, um cardiologista e um ortopedista explicam os cuidados e os pontos benéficos de quem pratica o ciclismo com periodicidade

Thiago Coutinho
Da redação

Estima-se que no Brasil haja 40 milhões de bicicletas; Goiânia é a 4ª capital do país com mais bicicletas / Foto: Hannah Carr por Unsplash

Nesta terça-feira, 19, celebra-se o dia de uma atividade física e de um meio de transporte muito comum não só no Brasil, mas no mundo todo: a bicicleta. O Dia do Ciclismo, porém, remete a um incidente triste: em 2006, em Brasília (DF), o ciclista Pedro Davison foi morto, vítima de um atropelamento. Oficializada em 2018, a data recorda este momento e incentiva o uso de um transporte sustentável, além da importância do respeito às leis de trânsito.

Estima-se que no Brasil haja algo em torno de 40 milhões de bicicletas. De com pesquisada realizada pelo Observatório da Bicicleta, Goiânia é a 4ª capital do país com mais bicicletas. Ou seja, trata-se de um meio de transporte muito comum e utilizado pelos brasileiros.

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“O ciclismo, praticado de forma regular e segura, pode melhorar a capacidade cardiorrespiratória, fortalecer o músculo cardíaco, otimizar a circulação sanguínea e contribuir para o controle da pressão arterial e do colesterol”, explica Alexsandro Fagundes, cardiologista e presidente da SOBRAC (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas). “Além disso, ajuda a melhorar a resistência física e a eficiência do coração no bombeamento de sangue, favorecendo a saúde vascular”.

“E também promove bem-estar mental, alivia estresse e é uma opção sustentável de transporte”, como recorda o ortopedista André Wan Wen Tsai.

É bom, no entanto, ficar atento a algumas lesões muito comuns em quem pratica o esporte. Ferimentos frequentes incluem tendinites (joelho/quadril), lombalgia, síndrome do piriforme e impactos por quedas (fraturas, escoriações). “Para prevenção, ajuste a bicicleta ergonomicamente, fortaleça músculos com exercícios complementares, evite sobrecarga aumentando distância/intensidade gradualmente e, por fim, use equipamentos adequados (sapatilhas, selim confortável etc.)”, detalha o ortopedista.

Além disso, é preciso dar atenção ao coração. Treinos muito intensos podem causar o que os médicos chamam de “coração do atleta”. “Apesar dos benefícios, treinos muito intensos ou de longa duração podem, em alguns casos, levar a hipertrofia exagerada do músculo cardíaco que, em certas situações, pode mimetizar doenças cardíacas”, afirma Fagundes. “Há também risco aumentado de arritmias, insuficiência cardíaca e, para quem já tem predisposição, agravamento de condições como cardiomiopatia hipertrófica, doenças congênitas ou obstruções coronárias.”

O cardiologista explica que é necessários respeitar os limites individuais, ir a um especialista e realizar exames periódicos, seguir um treino adequado, além de manter hidratação e reposição de eletrólitos. “Especialmente em treinos longos”, acrescenta.

Treinos longos

Atividades de alta performance exigem mais do corpo. É muito importante, nesses casos, manter-se hidratado. “Em atividades de alta performance, a falta de hidratação e a perda de eletrólitos podem comprometer a perfusão de órgãos vitais e levar a complicações graves, como rabdomiólise (lesão muscular grave), insuficiência renal e hipertermia. É fundamental adotar uma estratégia programada de reposição de líquidos e sais minerais, monitorar a frequência cardíaca, fazer pausas quando necessário e evitar treinar em condições extremas de calor ou exaustão”, aconselha o cardiologista.

É importante, após os treinos, ficar atento a alguns aspectos relacionados às articulações. Dores que persistam por mais de 48 hora, inchaço, vermelhidão ou calor em articulações são indícios de que é necessário procurar um especialista. “Formigamento ou dormência em membros, dificuldade para movimentar joelhos, quadril ou tornozelos e limitação funcional após quedas ou impactos”, diz o ortopedista.

O ciclista Gustavo Junqueira treina de cinco a sei horas por semana / Foto: Arquivo Pessoal

Gustavo Junqueira, 35, pratica o esporte há uma década. “Sempre gostei mto de praticar esporte e queria praticar algo que eu conseguisse maior conexão com a natureza. O ciclismo nos proporciona muito esta conexão”. Atualmente, Junqueira pratica triatlo, prática que mistura corrida, natação e ciclismo.

A intensidade dos exercícios exige alguns cuidados e precauções. “Para quem pretende pedalar com intensidade acima da recreativa ou participar de competições, recomenda-se avaliação médica prévia com exames como eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma e, em casos específicos, exames complementares para descartar doenças cardíacas ocultas”, recomenda Fagundes. “Isso ajuda a identificar condições que possam representar risco durante o esforço”, aconselha.

Junqueira já sofreu alguns acidentes. Apesar dos sustos, saiu ileso. “Para nós, ciclistas, o grande desafio do esporte é o perigo, seja nas estradas ou trilhas”, diz. “Qualquer descuido nosso ou dos motorista pode causar um acidente. Eu mesmo já sofri dois graves acidentes praticando o esporte. Graças a Deus consegui me recuperar e sem sequelas”, recorda.

Cuidados com o equipamento

Segundo o ortopedista André Wan, é necessário que o ciclista esteja atento a alguns itens para evitar não apenas acidentes, mas dores e problemas ortopédicos:

– Altura do selim: Pernas devem ficar quase estendidas ao pedalar.
– Guidão na altura adequada: Evita sobrecarga nos ombros/punhos.
– Posição dos pedais: Alinhar bola do pé com o eixo do pedal.
– Postura: Mantenha costas levemente inclinadas, evitando curvaturas excessivas.

Outros sinais físicos, por sua vez, indicam que pode ser necessário buscar a ajuda de um cardiologista. Eis alguns:

– Cansaço exagerado e fora do habitual
– Palpitações
– Desmaios
– Dor no peito durante ou após o treino
– Incapacidade de completar provas ou percursos que antes eram fáceis

“Esses sintomas podem indicar problemas como arritmias, insuficiência cardíaca, hipertrofia exagerada ou doenças obstrutivas nas artérias ou válvulas cardíacas. Ao perceber qualquer um deles, a avaliação médica é indispensável”, finaliza Fagundes.

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