Em comunhão com Deus

Casamento é construção da unidade entre um homem e uma mulher

Encontrar alguém para dividir os sonhos, as felicidades e construir junto uma família. Esse ainda é o sonho de muitas pessoas. Em 2008, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou 959.901 casamentos no Brasil. Este foi o maior índice desde 1999.

A psicóloga especialista em logoterapia Tereza Militão salienta que a busca por um parceiro é a busca pela construção de uma unidade nos três níveis humanos: físico, mental e espiritual.

A unidade física, que gera novas vidas, está ligada à paixão e ao amor. A partilha de pensamentos, experiências e emoções, mesmo havendo diferenças, fazem parte da busca pela unidade psicológica. Já no nível espiritual, o ser humano busca um sentido para a vida e isso pode ser construído com outra pessoa. "Nesse nível está a concepção do próprio casamento, a comunhão com Deus e com os outros”, explica a logoterapeuta.

A amizade, o diálogo, a partilha de sentimentos, dúvidas, anseios, felicidades e tristezas, e a busca por um sentido dos acontecimentos fazem parte da preparação para o casamento. Na dimensão espiritual, a logoterapeuta ressalta que a vivência numa comunidade é um grande auxiliador na preparação do casamento, pois assim o casal participa de uma realidade mais ampla.

Os namorados Ana Carolina Muniz e Fausto Teixeira já pensam no casamento e, para eles, conversas com casais mais experientes e a participação de encontro de namorados e noivos são oportunidades para aprofundar o sentido do matrimônio. “Sentimos que o nosso caminho para o matrimônio é construído entre nós, mas também com as pessoas que participam da nossa vida”, destacam.

Como namorados, Ana e Fausto procuram amadurecer humanamente e buscam juntos uma unidade com Deus. “Observamos nossos defeitos e qualidades para encontrar tudo aquilo que podemos exercitar para fazer o outro feliz, em paralelo também procuramos crescer na profundidade do relacionamento com Deus”, contam.

O casamento é uma vocação, um chamado de Deus antes de tudo, como também salienta o especialista em Teologia Moral e acompanhamento de casais, padre Ricardo Pinto. E para saber se é a hora certa, a psicóloga esclarece que é preciso ter a certeza da vocação, entender se esta é a forma para a realização da felicidade a qual Deus pensou e é necessária a disposição de amar o outro ao ponto de renunciar coisas pessoais, por amor a essa pessoa.

Arquivo pessoal
Para Flávia de Petri e Daniel Langhi, os princípios cristãos são a base da vida a dois e também da família

Sacramento do Matrimônio

“O Sacramento da Matrimônio é expressão do amor de Deus pela humanidade. A união de um homem e de uma mulher no sacramento do matrimônio se torna expressão viva do amor de Deus”, diz o sacerdote.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC), o pacto matrimonial constitui uma comunhão íntima de toda a vida, entre um homem e uma mulher, "ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole" (CIC nº 93).

“Depois de uma preparação e de uma decisão livre, eles assumem amar um ao outro até o fim, constituindo essa unidade profunda e verdadeira, caracterizada pela indissolubilidade. E a partir da graça que recebem no sacramento, juntos iniciam uma família, sendo cocriadores com Deus, dando continuidade a obra de Deus", esclarece também o sacerdote.

Para os noivos Flávia De Petri e Daniel Langhi, o casamento não é apenas um evento e sim uma nova etapa na vida de ambos. É a construção de uma família. "Nós queremos ser instrumentos para levar o próximo a Deus e mostrar que, mesmo diante de tantas destruições familiares que vemos hoje no mundo, o amor de um para com o outro, com Jesus entre nós, prevalece",  afirmam.

Os princípios cristãos são a base do noivado de Flávia e Daniel, base que sustentará a família que eles querem construir.

"Hoje nos deparamos com um mundo superficial onde por qualquer dificuldade tudo desmorona e a Igreja é nosso alicerce, mesmo diante de nossas dificuldades, é a base que sempre permanecerá firme e que nos dá segurança”, diz Flávia.

Mas infelizmente, alguns casais deslumbrados pela indústria que se criou em cima desse evento, se casam sem entender a profundidade deste sacramento. Padre Ricardo salienta que o acompanhamento feito pelas paróquias ajuda o casal a acolher esse dom de Deus.

“Nós como Igreja devemos nos preparar cada vez mais para acolher esses casais. Primeiro, é necessário uma abordagem mais direta, mais aberta, mais profunda e enraizada no sentido teológico do matrimônio", destaca o sacerdote que ressalva que a compreensão do Sacramento do Matrimônio começa na preparação para o Crisma e nos grupos de jovens.

Amor verdadeiro

No interior do coração do homem e da mulher, existe um desejo de algo profundo. “Os jovens estão cansados de tanta superficialidade e instrumentalização em torno do sexo e da afetividade. Eles querem coisas verdadeiras, límpidas e puras a serem vividas”, ressalta o teólogo.

A descoberta da sexualidade segundo o projeto de Deus para a felicidade do homem e a compreensão do casamento como um chamado de Deus, explica o sacerdote, levam à construção de um amor que não passa, que não está sujeito a condicionamentos culturais, um amor que nasce de Deus, com dimensões eternas.

Como esclarece o especialista em Teologia Moral, a unidade pedida por Jesus ao Pai, passa também pela unidade do casamento, por isso a Igreja não reconhece o divórcio. Existe a possibilidade de nulidade a partir do entendimento de que não houve o Sacramento do Matrimônio.

Padre Ricardo explica que a unidade do casal começa no dia do matrimônio e cresce no cotidiano e na doação mútua. “Ninguém casa só porque ama o outro, mas casa pelo desejo de resignificar esse amor a cada dia”, enfatiza.

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