EDUCAÇÃO

Casal mostra que idade não é barreira para aprendizado

Existe uma idade ideal para retomar os estudos? Em Belo Horizonte, uma história inspiradora de um casal de idosos mostra que sempre há tempo para recomeçar. Dona Neusa e Seu Antônio compartilham a vida e uma trajetória de busca por conhecimento, após 50 anos longe do ambiente acadêmico.

Reportagem de Monizy Amorim e Daniel Camargo

Dona Neuza da Silva, 73 anos anos. Seu Antônio da Silva, 83. Duas histórias que se cruzaram há quase 54 anos. Resultado: três filhos e três netos.

Apesar da realização familiar, ainda existia no coração de dona Neuza um desejo: voltar a estudar. Até que, um dia, passando em frente a essa escola, uma faixa anunciava as inscrições para uma modalidade de ensino destinada a jovens, adultos e idosos.

A informação reavivou o sonho de voltar à sala de aula, algo que dona Neusa precisou deixar para trás na adolescência. “Eu pensava no outro primeiro. Eu falei assim: ’gente fiz 70 anos, não fiz nada por mim ainda, agora eu vou fazer, vou começar a estudar’”, disse a aposentada Neuza.

Diante da vontade da esposa, Seu Antônio decidiu não apenas apoiá-la, mas se unir a ela em mais essa jornada. Dessa vez, entre os cadernos e livros. “‘Bem, vou voltar a estudar’. Se você vai, eu vou também, a gente está sempre junto. E no mesmo dia nós fomos na secretária, nos matriculamos, e estamos agarrados até hoje”, completou o também aposentado, Antônio.

“Na Secretária de Estado da Educação, nós oferecemos a educação de jovens e adultos, de forma regular, que é a forma semestral. O ano, ele acontece em forma de semestres de jovens e adultos. Nós temos outras formas de oferta também. Então a gente faz um ajuste às necessidades, às possibilidades desse jovem, desse adulto, desse idoso”, explicou Silene Gelmini, da equipe técnica da EJA SEE-MG.

Nos últimos dois anos, dona Neuza terminou o ensino fundamental e agora está no primeiro ano do ensino médio. Já Seu Antônio, concluiu o ensino médio e começou o curso técnico de administração. O desejo dos dois é continuar abrindo novos horizontes por meio da educação.

“Eu tenho que aprender. Eu não posso sair da escola do jeito que eu entrei”, apontou Dona Neuza.

A determinação do casal inspira aqueles que acompanham de perto essa caminhada.

A diretora escolar, Daniele Moreira foi cativada pela atitude do casal. “Muitas vezes as pessoas se perdem, não querem mais saber da escola, e eles aqui, nossa, a gente fica muito orgulhosa”.

A cada novo conteúdo aprendido e desafio superado, eles provam que nunca é tarde para realizar os sonhos.

“A pessoa vai deixando o tempo passar, ‘ah não dá mais’, ‘eu cheguei numa certa idade’, ‘não dá para estudar mais’, mas é pura bobagem, devo jogar isso de lado e tem jeito. A gente está aqui para dar um empurrãozinho nessa turma”, afirmou Seu Antônio.

“Isso aqui ajuda a gente a viver, ajuda a gente a viver. E a gente tem fé e esperança em dias melhores, a gente tem que estar mais ou menos por dentro de tudo que acontece”, concluiu a estudante.

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