Delicadeza com o outro é um dos elementos essenciais para cultivar o amor após décadas de casamento, indicam casais
Kelen Galvan
Da redação
Celebrar o amor e a alegria de ter alguém a quem amar é a grande motivação para tantos casais neste Dia dos Namorados. Mas para que amor seja duradouro, casais que estão juntos há décadas contam seus segredos para cultivar e conservar o relacionamento.
“Me casaria de novo com ele”, afirma Maria do Carmo Rosa Ferreira, casada há 65 anos com Oscar Ferreira. “Já falei pra ele, que se eu ficasse viúva nova, não iria mais casar não. Se fosse para eu começar minha vida de novo, começaria com muito amor. Inclusive teria a mesma quantidade de filhos, porque foi Deus quem mandou”.
Ela afirma que hoje em dia os casais brigam com muita facilidade, mas para que o casamento seja duradouro é essencial ter paciência e amor. Inclusive isso deve ser considerado na hora de decidir dar um passo rumo ao casamento. “É preciso conhecer, pensar muito, porque não é para um dia só. Casamento é para sempre. Ver se o casal combina um com o outro. O namoro de hoje é muito diferente. O pessoal é muito sem amor, sem carinho, qualquer coisa está brigando. Eu acho que se a pessoa começa brigando, não vai muito pra frente não”.
“Me casaria de novo com ele”, afirma Maria do Carmo Rosa Ferreira, casada há 65 anos com Oscar Ferreira. “Já falei pra ele, que se eu ficasse viúva nova, não iria mais casar não”
Maria do Carmo destaca que o marido sempre foi muito amoroso e sempre cultivaram a compreensão mútua, fator que evitou atritos entre o casal. “A gente nunca brigou, de ficar com raiva um do outro, estamos sempre de bem”.
O casal teve sete filhos e Maria do Carmo afirma que eles sempre enfrentaram as dificuldades, procurando afastá-las das vida cotidiana. “Hoje as pessoas acham mais difícil. Hoje é muito diferente. As mulheres trabalham, no meu tempo quase não se trabalhava fora, era só cuidar da casa mesmo. E Deus me deu filhos muito bons, noras e um genro muito bons, aqui não tem diferença entre eles”.
Cultivar a delicadeza
Casado há 45 anos com Elza Guimarães, 71 anos, o diácono Ney Guimarães, 68 anos, lembra que além da paciência e tolerância é preciso haver a delicadeza entre o casal.
“Delicadeza não pode faltar. Já não digo respeito, porque quando se têm essas coisas, o desrespeito não acontece. Eu penso que se você é uma pessoa delicada, que está pensando no outro em diversas circunstâncias da vida, você vai cultivar esse carinho sempre. Todos os dias quando nos levantamos a gente dá um abraço carinhoso e um selinho”.
Guimarães reconhece porém que, às vezes essa delicadeza pode ser um pouco esquecida, pois com o passar dos anos, se conquista uma grande proximidade e liberdade entre o casal, e pode acontecer de, em alguns momentos, dizer algo que não agrade o outro. “Mas também basta um olhar e as coisas continuam sempre bem. Não temos dificuldade de viver o perdão”.
“Eu penso que se você é uma pessoa delicada, que está pensando no outro em diversas circunstâncias da vida, você vai cultivar esse carinho sempre. Todos os dias quando nos levantamos a gente dá um abraço carinhoso e um selinho”
Com três filhos e cinco netos, o diácono afirma que encontraram dificuldades e desafios na vida, mas nunca tiveram uma crise matrimonial. Segundo ele, isso é fruto da certeza da escolha que fizeram um pelo outro.
“Nosso namoro foi muito tranquilo, muito em paz. Namoramos e casamos em dois anos e 10 meses. E tudo foi sempre muito tranquilo. Nós não tivemos dúvidas para o nosso casamento e nem depois. Então não surgiu dificuldade que abalasse o nosso casamento. Sempre fomos muito felizes e tranquilos. E sempre cultivamos o carinho. Às vezes, a gente falha um pouco, mas não falta isso na nossa casa. E hoje, após 45 anos de casados, um é porto seguro para o outro”.
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Celebrar o amor
Guimarães conta que o casal sempre lembra o Dia dos Namorados, mas escolhem comemorar o aniversário de casamento. “A data mais importante e especial para nós é 5 de maio: dia do nosso casamento. Celebramos esta data sempre, desde que nos casamos”.
Ele conta que, nesse dia, além de participar juntos da Missa, reúnem toda a família em sua casa para uma refeição e cortar um bolo. “Esse dia para nós é como se fosse um feriado. Durante muitos anos, inclusive, ouvimos a fita da gravação do nosso casamento”.
Diácono Ney lembra que, antigamente, seus irmãos participavam com eles desta celebração, e percebe que isso foi despertando neles a importância de comemorar seu próprio casamento.
“Nós não tivemos dúvidas para o nosso casamento e nem depois. Então não surgiu dificuldade que abalasse o nosso casamento”
“Eu sou fã do casamento e celebrá-lo é algo muito gratificante, porque a gente vive aqui em casa o carinho e o amor. Não estou dizendo que é uma coisa perfeita, nada disso, mas a gente vive bem. Então quando estou celebrando casamentos, o carinho que eu tenho para com os noivos é expressão do que a gente vive aqui em casa. Eu gasto um tempo conversando com os casais de noivos, na tentativa de fazer com que eles entendam que nos dias de hoje, com tanta dificuldade que o mundo tem e as famílias passam, é possivel viver felizes”.
Romantismo
Para Guimarães, a delicadeza gera o carinho e, esse, por sua vez, gera o romantismo. Porém, ele lembra que alguns casais acabam esquecendo de cultivá-la depois de casados.
“Esse cultivo precisa ser diário. Porque uma paixão, se for apenas paixão, não sustenta o casamento, porque vai diminuindo aos poucos e a pessoa perde aquele encanto pelo outro. A decepção às vezes vem. Eu sempre digo: ‘as flores são muito bonitas, mas têm espinhos. E os espinhos nos machucam’. E as flores, em nosso lar, precisam usar sua função de enfeitar e perfumar. E com os espinhos, se não temos cuidado de tirar para que o outro não se machuque, tudo vai acabando”.
“Se os dois estão afinados um com o outro, se dia após dia o casal vai se unindo, não há mais jeito de separação”
Diácono Ney explica que se os dois estão afinados um com o outro, se dia após dia o casal vai se unindo, não há mais jeito de separação. “Se conseguirmos manter isso no dia a dia, penso que conseguimos ir até o fim”.
Para ele, a estrutura da casa dos cônjuges precisa ser Deus. “Se Deus está presente no casamento, tudo vai facilitar para que um possa se afinar mais com o outro. Não estou dizendo de viver o tempo todo na Igreja, mas de ter Deus na própria vida e viver esse Deus. Se entendemos que Ele é o alicerce da nossa casa, seremos cada vez melhor um para o outro”.
E quando vieram as “ventanias” e “trovoadas”, o casal terá o apoio de Deus, primeiramente, e ao mesmo tempo, o apoio do cômjuge.