O Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Renato Martino, esteve em São Paulo esta semana, e proferiu um discurso quarta-feira, 11, no Centro cultural "Fé e cultura" da Universidade Católica de São Paulo.
Basicamente, o Cardeal falou sobre a Doutrina Social e a globalização da solidariedade, seja nas nações como na sociedade civil internacional. A este respeito, estigmatizou certas ONG’s de países ricos que pretendem impor aos habitantes de países pobres práticas e estilos de vida próprios de setores radicais das sociedades avançadas, sobretudo no campo da saúde reprodutiva. "A Santa Sé sempre considerou isto como formas modernas de colonialismo cultural e eugenético inaceitáveis para os países pobres", frisou o Cardel Martino.
O Cardeal italiano abordou também a atuação dos direitos humanos, relevando o 'espaço' existente entre uma série de direitos 'novos', promovidos pelas sociedades tecnologicamente mais avançadas, e os direitos mais elementares, como o direito ao alimento, à água, à autodeterminação e independência, ainda não satisfeitos nas regiões mais pobres do planeta.
Enfim, em terceiro lugar, no campo da solidariedade, o Cardeal ressaltou a relação entre as gerações. O Presidente de "Justiça e Paz" pediu que seja levado em conta o critério da destinação universal dos bens.
Ao abordar o nexo entre Doutrina social e esperança, o cardeal reivindicou, entre outras coisas, o caráter público do cristianismo, e o seu ser 'indispensável' para a construção da sociedade baseada na justiça e na paz. Evocando a encíclica Spe salvi de Bento XVI, reafirmou que se a esperança cristã for eliminada do espaço público, Deus será eliminado do mundo, e "um mundo sem Deus é um mundo sem esperança".