Amoris Laetitia

Cardeal de SP comenta documento do Papa sobre família

Não há “pode, não pode” genérico, diz Dom Odilo Scherer sobre Exortação Apostólica Amoris Laetitia, publicada hoje no Vaticano

Jéssica Marçal
Enviada Especial a Aparecida (SP)

Cardeal Odilo Scherer lembrou que essa Exortação Apostólica é fruto de dois sínodos  sobre o tema da família / Foto: Jéssica Marçal

Cardeal Odilo Scherer lembrou que essa Exortação Apostólica é fruto de dois sínodos sobre o tema da família / Foto: Jéssica Marçal

O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, comentou a Exortação Apostólica do Papa Francisco sobre família, Amoris Laetitia, publicada na manhã desta sexta-feira, 8, no Vaticano. O cardeal conversou com a imprensa em Aparecida (SP) onde participa da 54ª Assembleia Geral da CNBB.

Algumas pessoas esperavam nesse documento uma resposta final, fechada, talvez até com mudanças de normas da Igreja Católica. De forma geral, Dom Odilo explicou que não há, no documento do Papa, um “pode,  não pode genérico”. A palavra-chave, segundo o arcebispo, e segundo o próprio Papa, é discernimento.

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.: Leia Exortação Apostólica na íntegra

.: OUÇA: Dom Odilo fala também sobre Pastoral Familiar e união homoafetiva

Dom Odilo lembrou que esse documento é fruto de dois sínodos sobre o tema da família. As assembleias sinodais não produzem um documento próprio, uma vez que é o Papa quem escreve esse documento final.

Como de costume, a exortação tem um nome em latim, pontuou Dom Odilo, um título que significa “alegria do amor”. O arcebispo de São Paulo fez um breve resumo a partir do índice, comentando brevemente cada um dos nove capítulos que compõem o texto.

Dos dois últimos capítulos, o cardeal destacou o discernimento solicitado pelo Papa ao analisar situações difíceis. Dom Odilo cita como exemplo os casos de casais que já vivem juntos, porém sem o sacramento do matrimônio.  “Provavelmente existe ali algum motivo econômico, por exemplo, ou algum motivo cultural”, comentou o arcebispo, que acrescentou: “O Papa diz que existem essas circunstâncias, mas que precisam ser superadas”.

Dom Odilo também mencionou o momento da exortação em que o Papa pede misericórdia quanto à esses casos específicos que afetam tantas famílias. “Lógica da misericórdia segundo a qual a Igreja não exclui ninguém, Deus não exclui ninguém. A todos quer dar a possibilidade  de uma vida plena”.

“A minha impressão primeira é essa: o Papa quis falar do matrimônio  e da família não a partir das exigências, mas de outro enfoque. Não fala a partir dos problemas. Começa a falar daquilo que é bom, que é o amor. Eu acho que nisso o Papa é muito sábio. É inútil querer tapar todos os buracos quando falta outra coisa, que é a motivação básico, a alegria do amor, da família”, destacou.

Sobre as situações problemáticas, alguns esperariam um “pode, não pode”. Dom Odilo disse que não  é bem assim. “As normas existem, mas não devem ser aplicadas friamente como em um gabinete. Existe a gradualidade também  na aplicação das normas e julgamento das situações”.

Sobre a comunhão aos casais de segunda união, o Papa aborda, mas, novamente, não com um “pode, não pode”,  mas com discernimento, analisando cada situação, explicou o cardeal.

“O que o Papa insiste muito é no acompanhamento pastoral e no discernimento. Não há um “pode, não pode genérico’”.

Sobre a exortação apostólica

A exortação do Papa é uma resposta conclusiva ao Sínodo da Família, realizado em duas etapas, em Outubro de 2014 e de 2015,  no Vaticano. A principal linha adotada pelo Santo Padre no documento é a de fomentar o amor e curar as feridas, para impedir o avanço dos problemas que afetam as famílias nos tempo atuais.

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