Embora a medicina tenha avançado muito nas últimas décadas no combate ao câncer de mama, é fundamental o amparo emocional para que a doença seja vencida
Thiago Coutinho
Da redação
Somente em 2021, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), 66.280 mulheres devem ser diagnosticadas com câncer de mama. O diagnóstico da doença — cuja prevenção e cuidados são reforçados com a campanha Outubro Rosa — traz não apenas traumas físicos, mas também emocionais. E manter o equilíbrio destes dois lados é fundamental para o sucesso do tratamento contra o câncer.
“As reações diante de um diagnóstico de câncer são singulares e individuais”, explica Marilene Kehdi, psicóloga, pós-graduada em Psicossomática e Psicopatologia, Geriatria e Gerontologia Social. Ela é autora de sete livros dedicados a diversos aspectos do comportamento humano.
“Muitas vezes, em alguns casos, algumas experiências frustrantes na família ou com amigos próximos podem influenciar na reação do diagnóstico de sua doença. Todos sentem um impacto emocional muito forte, que logo vão mesclando com outras emoções, como medo, revolta, raiva e preocupação. A maneira como o paciente enfrenta o câncer tem impacto no tratamento. Por isso é importante que a mente esteja boa”, pondera.
Rede de apoio
Para a psicóloga, é importante que a mulher se cerque de uma rede de apoio que seja um esteio neste momento crucial. “Mulheres que venceram o câncer, por exemplo, para que possam enfrentar o tratamento, buscaram ajuda na fé, na família, nos amigos e na psicoterapia. Esta rede de apoio é muito importante”, frisa Marilene.
O tratamento contra o câncer de mama pode ser também desconfortante do ponto de vista estético. A mastectomia – retirada da mama -, necessária em alguns casos, por exemplo, pode ser algo traumatizante e levar a uma queda da autoestima e até mesmo depressão.
“Isso pode causar muita tristeza. É importante estar atento às emoções, seguir o tratamento e cuidar desta depressão para que, assim, encontre forças para se tratar e curar. O parceiro deve ser um participante ativo no processo de tratamento e na busca da cura para esta mulher, isto ajudará muito. Por isso, em muitos casos, é importante que o parceiro também participe da psicoterapia”, afirma.
Nestes casos, em que a mastectomia é realizada, a presença da família é fundamental. “As questões emocionais interferem diretamente no tratamento”, alerta a psicóloga. “Se a paciente, por exemplo, entra num estado depressivo, é importante que tenha apoio psicológico da família e dos amigos. O ideal é que esta mulher entenda que se deve viver um dia de cada vez, que as coisas vão se ajeitando e melhorando”, reitera.
Não é uma sentença de morte
É bom que se saliente um aspecto importante: o diagnóstico do câncer de mama não é uma sentença de morte, especialmente quando descoberto em seus primeiros estágios. Segundo o INCA, quando a doença é descoberta no início, o tratamento tem maior potencial curativo.
“É preciso ajudar esta mulher a viver a vida com alegria, mesmo com câncer. Ter esperança e focar na cura. Isso fará muito bem. Quanto melhor é o estado emocional da mulher durante o tratamento, melhor será o desfecho”, reforça Marilene.
É fundamental, segundo a psicóloga, que o apoio venha de todos os lados. “Quanto maior o apoio, o incentivo e o acolhimento, maior será a motivação que a paciente encontrará para o seu tratamento”, observa.
Sintomas e fatores de risco
De modo geral, os sinais e sintomas do câncer de mama podem variar. Algumas mudanças, porém, são sinais de que algo está errado. Se alguma delas estiver presente, é hora de procurar um médico. Veja as principais:
• Inchaço em parte da mama;
• Irritação da pele ou aparecimento de irregularidades, como ‘covinhas’ ou franzidos, ou que fazem a pele se assemelhar à casca de uma laranja;
• Dor no mamilo ou inversão do mamilo (para dentro);
• Vermelhidão ou descamação do mamilo ou pele da mama;
• Saída de secreção (que não leite) pelo mamilo;
• Caroço nas axilas.
Ainda há alguns fatores de risco que propiciam o desenvolvimento do câncer de mama. Lembrando que não são fatores decisivos para o desenvolvimento da doença. A idade (mulheres acima de 50 anos têm mais chance de desenvolvê-lo) tem forte influência. Por isso, siga estas dicas:
• Tenha uma boa alimentação. Reduza o consumo de carne vermelha, elimine embutidos (como salame, presunto etc.), invista em folhas, legumes, carnes brancas, pouca gordura, frutas, grãos integrais e muita água;
• Mantenha o peso em dia;
• Evite o cigarro;
• Evite bebidas alcoólicas;
• Tenha uma rotina periódica de exercícios físicos.