Ação do bem

Benefício que a doação de sangue traz não tem preço, diz hematologista

Embora o Brasil esteja na média mundial de doadores de sangue, menos de 2% da população doa

Thiago Coutinho
Da Redação

Nesta segunda-feira, 25, é celebrado o Mundial do Doador Voluntário de Sangue / Foto: Arquivo – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta segunda-feira, 25, é celebrado o Mundial do Doador Voluntário de Sangue. O Brasil, atualmente, atende às exigências determinadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 16 em cada mil habitantes doam sangue, ou 1,6% da população ― a OMS recomenda que 1% a 3% da população seja doadora. O número, porém, não chega a 2% da população brasileira. 

Não há um motivo específico que determine a recusa das pessoas em doar sangue; algumas apontam o medo de agulhas como um dos fatores. “Muitas têm medo. Outras temem passar mal ― algumas realmente podem sentir algum desconforto. Mas o benefício que a doação traz não tem preço”, explica Cássio Marques Giannini, hemoterapeuta e hematologista da Fundação Pró-Sangue.

Uma diferença notória pode ser vista em grandes centros urbanos e cidades de pequeno e médio porte. Giannini explica que, nas metrópoles, as pessoas são pouco afeitas às doações, ao passo que em cidades de pequeno e médio porte a situação é diferente. “Acredito que isto aconteça por causa da impessoalidade, no modo em como se tratar o próximo”, avalia o médico. 

Alex Ferreira da Silva foi convidado por um amigo a doar sangue. A princípio recusou, já que seu tipo sanguíneo era diferente do tipo de quem o receberia. “Quando já estava indo embora, voltei e disse: ‘mas o meu sangue não é compatível com o dele’. Meu amigo respondeu que isto não importava, pois o hospital trocava [o sangue] com outros hospitais”, afirma. “Pensei comigo: ‘para um gesto solidário não deve haver barganha’. O que entendi é que até mesmo os hospitais eram solidários entre si”, reitera. 

Quem não doa sangue muitas vezes se justifica com o fator tempo, em virtude da correria do dia a dia, conta Cássio. Mas o médico lembra que quando a doação é necessária e não ocorre naquele período, não poderá ser reposto aquilo que foi perdido.  

“A pessoa diz que não tem tempo para doar, por andarmos numa vida corrida e cheia de estresse e coloca a importância da doação como um fator menor do que as importância do cotidiano. E isso é ruim. Precisamos do sangue naquele dia. Mesmo que a doação melhore numa outra época, aquilo que se perdeu num determinado período não será reposto. E as pessoas não entendem esta temporalidade e o prazo curto. Só para lembrar: a plaqueta tem uma vida útil de sete dias”, adverte o hematologista. 

Para onde vai?

O sangue doado não é utilizado apenas em acidentes ou emergências. Existem diversas outras finalidades para as quais o sangue pode ser aproveitado. “Doenças como câncer, emergências obstétricas em mulheres que tiveram muito sangramento pós-parto, doenças do próprio sangue, conhecidas como hemoglobinopatias e outras doenças crônicas”, detalha o hemoterapeuta. 

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