A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quarta-feira, 9, a medida provisória do Mais Médicos, programa prioritário do governo anunciado em resposta às manifestações populares que tomaram diversas cidades brasileiras em junho deste ano.
Atual carro-chefe do governo e apontado por recente pesquisa como amplamente apoiado pela população, o programa criado pela MP prevê a contratação de médicos –inclusive estrangeiros– para que prestem atendimento em regiões carentes ou isoladas.
Embora os deputados já tenham aprovado o texto principal da medida, seu conteúdo ainda pode ser alterado por emendas que serão votadas nesta quarta-feira. Depois da tramitação na Câmara, a medida ainda precisará do aval do Senado para se tornar lei.
O governo esforçou-se para aprovar a medida o quanto antes, mas a oposição ofereceu resistência, especificamente o DEM, que obstruiu a votação.
"Essa matéria interessa ao país", disse o líder do PT, José Guimarães (CE) a jornalistas. "A negociação fluiu com as entidades médicas e travou com o DEM."
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que lidera a bancada na Câmara, argumentou que o problema da saúde não será resolvido com o programa e que a medida foi editada pela presidente Dilma Rousseff de olho nas eleições do ano que vem.
"É marquetagem de campanha eleitoral. Daqui a três anos os (médicos) cubanos vão embora e aí, quem vai para o interior?", questionou o líder.
Na avaliação do líder do PT na Casa, a votação da MP pode ser considerada o primeiro teste da fidelidade da base aliada na nova configuração do plenário após ao troca-troca partidário e a criação das novas siglas.
Segundo Guimarães, a votação permite que o governo tenha "uma noção do posicionamento". O tabuleiro na Câmara passou por recentes mudanças com a criação de dois novos partidos – o Pros e o Solidariedade (SDD) – e a saída do PSB da base do governo.
Na avaliação de líderes consultados pela Reuters, tanto da base quanto da oposição, as mudanças não terão grande impacto nas votações. Ainda assim, Pros e SDD chegaram a acompanhar o DEM e obstruíram o início da votação.