INCERTEZAS

Brasil vive expectativa de solução para o aumento das taxas americanas

Após a imposição de tarifas de 50% às exportações brasileiras pelo governo americano, vários setores avaliam saídas para seguir produzindo e vendendo lá fora. As incertezas ainda são muitas e os desafios gigantes.

Reportagem de Sidinei Fernandes e Tiago Gualberto 

Clima de apreensão nos setores essenciais brasileiros que exportam para os Estados Unidos após a taxação de 50% imposta pelo governo Donald Trump. O mercado americano consome 70% do pescado que o Brasil produz.  “A maioria das exportações é de peixe fresco, teria que ser Estados Unidos ou Europa. E como a gente está banido de exportar pro mercado como europeu, a gente fica sem outra alternativa”, explicou o presidente do Sindicato dos Pescadores do RN, Arimar Franca Filho. 

Laranja, petróleo, aeronaves civis, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos estão no hall que ficaram de fora do tarifaço.

Café, carne e mais 3.000 produtos amargam a lista de itens taxados. 35% do café que a gente produz vai para os Estados Unidos. Para fugir do baque das tarifas, o setor cafeeiro busca novos mercados. 183 empresas chinesas querem o grão brasileiro nas cafeterias do país asiático. 

O setor moveleiro também sente o impacto. A empresa que Daniel lidera tem 70 anos de história e já passou por três gerações. Grande parte da madeira maciça produzida na fábrica em São Bento do Sul, Santa Catarina, vai pro mercado americano. “Em 2024 exportávamos cerca de 80% da nossa produção para os Estados Unidos. A partir de março, a gente já foi sentindo, esse anúncio agora dos 50% tem causado uma uma forte tendência a diminuir mais ainda os pedidos para os Estados Unidos”, apontou o CEO da empresa, Daniel Lutz.

Diante desse cenário e com a intenção de defender a indústria e demais setores afetados, o Brasil acionou a Organização Mundial do Comércio. O pedido enviado aos Estados Unidos com cópia à OMC é o primeiro passo na busca de uma solução pautada nas negociações. 

O pedido contesta as tarifas impostas por Trump por meio de decretos executivos em 2 de abril e 30 de julho deste ano, com base em leis americanas, como a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional e a seção 301 da lei de comércio de 1974. 

“Se é algo em que haverá um esforço por parte do empresariado, um esforço por parte do governo que pode também reorientar a parte da produção para o mercado interno e, como já foi dito, ampliar também os as possibilidades de negociação de novos mercados. Esse esforço tem que ser feito imediatamente”, afirmou o doutor em direito internacional FGV, Evandro Carvalho. 

Em entrevista à Agência de Notícias Reuters, o presidente Lula falou das terras raras brasileiras que poderiam estar na mesa de negociações, mas destacou o papel soberano do país.

“Então nós vamos fazer, sabe, um Conselho Nacional de materiais de novos minerais críticos em terras raras, que vai ficar ligado à presidência da República. Nenhum empresário terá dificuldade de vir fazer investimento no Brasil. Porque nós não queremos é ficar um buraco no Brasil e a riqueza nos outros países, como está acontecendo”, concluiu o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva.

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