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Brasil está no topo da lista dos países que combatem o fumo

De acordo com estimativas oficiais, 12,6% dos brasileiros adultos consome cigarro, o que representa 7% a menos que a média global

Thiago Coutinho
Da redação

Dos 180 países que instalaram medidas mais severas contra o tabaco, o Brasil ocupa o 18º lugar / Foto: Mathew MacQuarrie por Unsplash

A luta contra o tabagismo é celebrada nesta quinta-feira, 29, com o Dia Nacional de Combate ao Fumo. O Brasil ocupa, atualmente, a 18ª posição entre os 180 países que implementaram medidas mais severas na estrutura de saúde pública no combate e regulamentação do conteúdo dos produtos de tabaco. Segundo estimativas da Progress Hub, que monitora a implementação das propostas da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Controle do Tabaco, 12,6% da população adulta do Brasil fuma — 7 pontos percentuais menos que a média global.

“Creio que o mundo poderia trazer um olhar para a política antitabática do nosso país”, afirma Marcelo Cantarelli, Cardiologista Intervencionista e Membro da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. “O Brasil é um exemplo, pois reduziu em pelo menos um terço a ocorrência de doenças e mortalidade causadas pelo uso do cigarro”, atesta o médico.

A Lei nº 9.294/96, conhecida como Lei Antifumo, dispôs diversas regulações com relação à comercialização e uso do tabaco. Estas medidas, de acordo com Cantarelli, foram fundamentais para a redução dos males causados pelo fumo no País. “Para quem viveu no Brasil antes desta lei, víamos o quanto era difícil conviver em alguns ambientes fechados, quando se saía para um restaurante, para uma casa noturna, quando se pegava um ônibus, um avião. E hoje não vemos mais isso. A medida refletiu com o aumento da saúde da população em termos da redução da ocorrência de doenças secundárias ao tabagismo”.

Métodos para deixar o tabaco

Existem alguns métodos disponíveis para quem quer abandonar o tabagismo. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza terapia de reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar) e o cloridrato de bupropiona. O uso desses medicamentos, de acordo com o Ministério da Saúde, visa minimizar os sintomas da síndrome de abstinência à nicotina.

Por outro lado, para o médico cardiologista, a melhor maneira para combater o vício no tabaco é não iniciar. “O tabagismo é uma doença pediátrica, porque as pessoas começam a fumar, na maioria das vezes, entre os 14 e 20 anos”, explica Cantarelli. “Nessa fase, há uma suscetibilidade maior ao vício por conta de que o cérebro ainda não está completamente, algumas conexões não completamente terminadas, e aí acontece uma suscetibilidade maior ao vício provocado pela nicotina do cigarro. Abandonar o vício realmente é difícil. A medida mais eficiente é a conscientização, aliado ao auxílio profissional”.

Sinais de melhora

A qualidade de vida é o primeiro item a melhorar para quem abandona o tabaco. Segundo o Instituto Nacional da Câncer (INCA), após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue e após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza (confira quadro com mais informações ao final do texto).

“O indivíduo ganha anos de vida”, assegura o especialista. “Independentemente da idade com que deixará de fumar, ganhará anos de vida. Se ela vai deixar de fumar aos 60 anos, ela vai ganhar, vai ganhar mais uns três, quatro anos de vida. Se deixar de fumar aos 30, 40 anos, ganhará mais de 15, 20 anos de vida, porque vai reduzir muito a chance de aparecer doenças graves que são diretamente ligadas ao tabagismo”, diz.

Dentre as doenças graves causadas pelo tabagismo está o câncer de pulmão. “Dentre todos os cânceres, é o que tem a mortalidade mais elevada, ou seja, a chance de morte ocorre mais nesse grupo”, adverte o médico.

Por fim, pele, cabelo e capacidade respiratória também recebem sinais claros de melhora para quem abandona o vício em cigarro.

Cigarro eletrônico

Muito em voga nos últimos tempos, o cigarro eletrônico se tornou mania, especialmente entre os mais jovens. E ao contrário do que se pensa, esse tipo de dispositivo pode ser ainda mais nocivo à saúde que o cigarro tradicional. “Se fosse bom, teria sido liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa”, observa Cantarelli. “Ele carrega os mesmos problemas do cigarro tradicional, substâncias viciantes, como a nicotina, substâncias cancerígenas e também uma capacidade de provocar uma inflamação pulmonar severa, que pode realmente prejudicar e reduzir a capacidade pulmonar”.

Segundo o Ministério da Saúde, a nicotina atua no sistema nervoso central tal qual a cocaína, heroína, álcool. Mas com uma diferença: leva entre 7 a 19 segundos para chegar ao cérebro. Ao abandonar o vício, é normal que os primeiros dias sejam os mais difíceis. Essas dificuldades, porém, tendem a diminuírem com o tempo.

No vídeo acima a reportagem é de Nathália Cassiano e Gilberto Duarte

 

 

 

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