IBGE

Brasil cresce na área econômica e retrocede na ambiental

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje, 4, a pesquisa Indicadores do Desenvolvimento Sustentável 2008 (IDS 2008).

O documento reúne 60 indicadores produzidos pelo IBGE e outras instituições brasileiras sobre as dimensões ambiental, social, econômica e institucional. A finalidade é revelar em que ponto o Brasil está e para onde sua trajetória aponta no caminho rumo à sustentabilidade.

Segundo a pesquisa, o Brasil teve seus maiores avanços na economia, nos últimos anos. Já referente às questões sociais, o estudo mostrou que apesar das melhorias, ainda persistem grandes problemas a serem sanados, e, em relação aos problemas ambientais há sinais contraditórios, com evolução em algumas áreas e retrocesso em outras.

A pesquisa revela ganhos importantes, mas indica que ainda há uma longa estrada pela frente para o Brasil atingir o ideal previsto em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland): um desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.

.: Leia alguns dos destaques do IDS 2008

Dimensão ambiental: progresso menor e ainda lento

Com 23 indicadores, divididos segundo os temas atmosfera; terra; água doce; oceanos, mares e áreas costeiras; biodiversidade e saneamento, a dimensão ambiental do IDS é a que mostra o maior número de indicadores ainda negativos ou que se mantêm numa evolução lenta. Além da atualização das informações publicadas em 2004, foi incorporado o dado sobre a emissão de gases do efeito estufa, a partir do inventário publicado em 2004 pelo governo brasileiro.

Dentre os indicadores positivos, podem-se destacar a redução de consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio e o aumento do número de unidades de conservação (UCs) e de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Os focos de incêndios também sofreram redução entre 2004 e 2006, e a poluição atmosférica mantém sua tendência estacionária, exceto pelo ozônio (O3), cuja concentração continua aumentando.

Já a poluição dos rios que cortam as maiores regiões metropolitanas e a das praias mantêm seus níveis elevados, enquanto as quantidades de fertilizantes e agrotóxicos usados na agricultura cresceram, e as apreensões de alguns animais que seriam comercializados ilegalmente também aumentaram.

Por fim, indicadores como o desmatamento na Amazônia , que vinham melhorando, sofreram revezes no período mais recente, ao que tudo indica em conseqüência do próprio crescimento econômico.

Dimensão social: melhorias importantes, embora desiguais, ameaçadas pela violência

Os 19 indicadores dessa seção correspondem aos objetivos ligados à satisfação das necessidades humanas, melhoria da qualidade de vida e justiça social e estão divididos nos temas população; trabalho e rendimento; saúde; educação; habitação e segurança.

Conforme vêm sistematicamente mostrando as pesquisas anuais do IBGE, o Brasil tem assistido a melhorias nas estatísticas de acesso a educação, trabalho, rendimento, mortalidade infantil, na adequação dos domicílios e em relação à situação das mulheres. Os ganhos ainda são modestos, porém, no que diz respeito às diferenças por cor ou raça e, de uma forma geral, se mostram bastante desiguais em sua distribuição pelo território, opondo um quadro melhor no Sudeste e Sul a um cenário ainda precário nas regiões Nordeste e Norte.

Além disso, o aumento da mortalidade por homicídios e acidentes de trânsito, sobretudo entre os homens é o que mais chama atenção negativamente.

Dimensão econômica: maior avanço traz benefícios, mas também alertas

Crescimento do PIB, menor grau de endividamento, balança comercial favorável, maior taxa de investimento, aumento da participação de fontes renováveis na matriz energética, crescimento da reciclagem são algumas das boas notícias reveladas pelos 12 indicadores que tratam do desempenho macroeconômico e financeiro do país e dos impactos no consumo de recursos materiais, na produção e gerenciamento de resíduos e uso de energia.

Organizados segundo os temas quadro econômico e padrões de produção e consumo, eles mostram, porém, que o gasto de energia voltou a crescer no país, que não há ainda locais de destinação definitivos para os resíduos nucleares e que o maior reaproveitamento do lixo domiciliar deve-se mais ao fato de ele ser fonte de rendimento para uma parte da população e menos à consciência ambiental voltada para a coleta seletiva e reciclagem.

Dimensão institucional: esforço ainda é incipiente

Os seis indicadores do IDS 2008 que dizem respeito à orientação política, capacidade e esforço despendido por governos e pela sociedade na implementação das mudanças requeridas para uma efetiva implementação do desenvolvimento sustentável mostram que, embora haja um esforço do poder público no sentido de ratificar tratados ambientais internacionais e melhorias importantes no acesso à telefonia e à internet, o quadro institucional ainda é incipiente.

O país investe pouco em Pesquisa e Desenvolvimento, e, apesar de os municípios serem os responsáveis pela maior fração dos investimentos em proteção ambiental, grande parte deles ainda não tem conselhos de meio ambiente – essenciais na estrutura da política ambiental nacional.

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