O principal índice das ações brasileiras subiu quase 2% nesta quinta-feira, após a definição de um segundo pacote de ajuda à Grécia e a sinalização de que o Banco Central do Brasil pode parar a alta de juros a partir de agosto.
O Ibovespa subiu 1,93%, a 60.262 pontos. Foi a maior alta percentual desde 1o de dezembro de 2010. O giro financeiro do pregão foi de 5,6 bilhões de reais.
A União Europeia ampliará os empréstimos de emergência à Grécia, com juros ainda menores, e costurou com o setor privado o abatimento de parte da dívida do país, de modo a reduzir o peso da dívida sobre a economia e evitar um calote desordenado dentro da zona do euro.
A indefinição sobre a ajuda internacional à Grécia aumentou a volatilidade das bolsas nos últimos meses. Após o anúncio, os índices Dow Jones e Standard & Poor's 500 da bolsa de Nova York fecharam em alta de 1,21 e 1,35%.
O Ibovespa subiu mais, no entanto, com o impulso de alguns setores após a sinalização do BC de que a taxa básica de juros pode ficar estável a partir de agosto. Na quarta-feira, a autoridade monetária elevou a Selic, conforme esperado, em 0,25 ponto percentual, a 12,50% ao ano.
"Setores mais sensíveis à taxa de juro subiram", comentou o estrategista de renda variável da CM Capital Markets, Rafael Espinoso, destacando as ações do setor de construção, cuja receita tem relação direta com a oferta e o custo do crédito para o financiamento imobiliário.
Gafisa disparou 7,04%, a 7,60 reais, Rossi ganhou 6,75%, a 12,33 reais, e MRV teve alta de 6,18%, a 11,85 reais.
O índice da Bovespa para o setor subiu 3,97%, diminuindo a queda acumulada no mês a 2,1%.
Papéis dos bancos também se beneficiaram, com alta de 2,44% do Banco do Brasil, a 26,82 reais, e de 2,43% do Bradesco, a 29,55 reais.
Entre as ações de maior liquidez do Ibovespa, a preferencial de Vale subiu 0,22%, a 46,01 reais, e o papel equivalente de Petrobras teve alta de 2,77%, a 23 reais.
Entre as poucas ações que caíram, o principal destaque foi Natura, em baixa de 4,23%, a 35,06 reais.
A empresa de cosméticos anunciou lucro líquido de 188,1 milhões de reais no segundo trimestre, queda de 1,8% ante o ano anterior e abaixo do previsto.
"Estamos reduzindo nosso preço-alvo (para a empresa) em 7,7% (para 43,80 reais) para considerar os resultados abaixo do esperado, que tornaram nossas previsões para o ano muito agressivas", afirmaram em relatório os analistas do Itaú BBA Juliana Rozembaum, Francine Martins e Enrico Grimaldi.