Os bispos das Dioceses de Taubaté, Lorena, Caraguatatuba e Guarulhos, todas localizadas no Estado de São Paulo, iniciaram nesta semana uma campanha de iniciativa popular em favor da vida.
O projeto pretende apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição do Estado de São Paulo que garanta a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até a morte natural.
Segundo o coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida, de Taubaté, Hermes Nery, as dioceses pretendem recolher pelo menos 300 mil assinaturas, que representam 1% do eleitorado do Estado de São Paulo, para viabilizar o projeto. As lideranças religiosas temem que o Congresso Nacional aprove a proposta de descriminalização do aborto.
“A Constituição Federal já declara que a vida não pode ser violada, mas não deixa claro desde quando. Queremos explicitar na Constituição Estadual que a vida começa na fecundação e segue até a morte natural. Queremos tornar São Paulo o primeiro Estado da Federação com uma lei que proteja a vida humana de forma integral”, explicou o coordenador em entrevista à Rádio Vaticano.
O Bispo de Lorena, Dom Benedito Beni dos Santos, salienta que a Igreja procura defender a vida com todas as “armas”. Neste engajamento, grupos católicos têm unido forças com grupos de outras religiões para pressionar o congresso pela não legalização do aborto. “O direito a vida é inviolável, porque é um dom fundamental. Sem a vida não podemos acolher nenhum outro dom. Este é um dom sagrado, porque Deus é o senhor da vida”, ressalta Dom Beni.
A campanha está no início, passando do plano das ideias para a prática. O Bispo de Lorena esclarece que os bispos e as comissões diocesanas para a defesa da vida discutirão ainda quais seriam todos os meios legais para colocar a inviolabilidade da vida humana na constituição.
Como suporte, a campanha espera contar com associações diocesanas de médicos católicos, que ainda não estão presentes em todas as dioceses.
Dom Beni afirma que o grupo está ciente de que a campanha enfrentará a oposição de diversos grupos, especialmente aqueles que mostram o aborto como uma defesa dos direitos da mulher. “Mas devemos ter claro que esse feto não é um membro da mulher, mas é um novo ser que deve ter seus direitos garantidos”, destaca.
Fé e política
No Brasil, 72,7% dos cidadãos se opõem à legalização do aborto, de acordo com uma pesquisa realizada pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Este posicionamento foi de grande importância nos rumos da recente eleição presidencial. Nessa certeza, os bispos esperam que esta campanha se espalhe para o Brasil.
Na convicção que fé e política devem andar juntos, pois a fé ilumina a atividade política, colaborando para que essa atividade se torne mais sã e pura, Dom Beni salienta que a política é um espaço de beneficação da fé. “A fé é globalizante, nada pode ser excluído da influência da fé: nem a sexualidade, nem a família, nem o trabalho, nem a economia, nem a política. A fé tem que iluminar toda a vida humana, todas as suas experiências, até no campo social”, elucida.
As posições políticas e sociais de um cristão devem ser coerentes com sua fé, de modo que, para o Bispo de Lorena, uma pessoa que pertence a um partido que defende a legalização do aborto, exerce uma posição contrária a sua fé. Do mesmo modo, uma pessoa que procura lutar para que a prática do aborto não seja legalizada, está expressando sua consciência ética e sua fé.
Em resposta às críticas que dizem que a Igreja deve estar fora da discussão política, Dom Beni enfatiza que “a Igreja é uma instituição da sociedade civil, como a mídia e os partidos políticos, e como tal, tem o direito de lutar democraticamente para que suas convicções se transformem em lei, e é isso que estamos fazendo”.
Leia mais
.: Defesa da vida e da família é garantida em município brasileiro
Siga o Canção Nova Notícias no twitter.com/cnnoticias
Conteúdo acessível também pelo iPhone – iphone.cancaonova.com