Acolhida à vida nascente

Bispo orienta como casal deve acolher filho que chega ao lar

Na segunda reportagem especial sobre a Semana da Vida, o assunto em pauta é a acolhida à vida nascente. Uma boa preparação para acolher a vida gerada no ventre materno por um dom de Deus também é uma forma de garantir o desenvolvimento da vida humana e o respeito aos seus direitos.
 
A maternidade e a paternidade são um chamado de Deus para o homem e a mulher que se unem em matrimônio. Para o presidente da Comissão Episcopal para Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Carlos Petrini, a melhor forma de responder a esse chamado é pensar com antecedência e não se deixar surpreender por uma gravidez.
 
Assim se preparou a integrante da Comunidade Canção Nova, Virlaine Regina da Silva Brito. Casada há quatro anos e meio e mãe de Maria Julia, de 1 ano e 10 meses, ela está no quarto mês de gestação, preparando-se para acolher o segundo filho.
 
“Procuramos em casa nos acolher um ao outro e unir forças sempre para ajustar o que precisa ser ajustado e vencer os desafios humanos, afetivos e também financeiros”.
 
Para além dessa preparação, o bispo lembrou que a gravidez é um grande mistério da vida humana, que foi criada e preparada para gerar uma nova vida. “O homem e a mulher que participam da concepção e da gestação, na verdade são apenas instrumentos de um poder criador infinitamente maior”.
 
Sendo instrumentos desse mistério divino, Dom Petrini destacou que homem e mulher devem partilhar a expectativa ao longo da gravidez. A nova vida gerada por esse casal, segundo o bispo, deve ser acolhida com total disponibilidade, independente de cor ou sexo.
 
“O importante é que seja recebida como a dádiva divina para crescimento e aperfeiçoamento daquele pai e daquela mãe”
 
Gravidez: agente transformador
 
Para acolher uma criança, os pais já devem estar previamente preparados para uma transformação em sua rotina. Para Virlaine, é necessário que o casal tenha propósitos e princípios em comum para vivenciar essas mudanças com leveza. “É a criança que nasce na família, não o contrário”.
 
Ela contou que, junto com seu marido, sempre procura se adaptar a essas mudanças, mas não acredita na existência de uma regra fixa. “Os pais não devem tratar seus filhos como empecilho, pelo contrário os filhos devem ser contagiados pela nossa forma de viver, isso diz da nossa fé, dos nossos princípios e dos lugares que costumamos frequentar”.
 
E essa inserção dos filhos na forma de viver do casal é, para Dom Petrini, essencial para a criança. “É importante que a criança participe, ou seja, seja desde cedo introduzida a este mundo maior, que encontra o seu verdadeiro significado na relação com Deus, pela presença Dele que aprendemos a reconhecer”.
 
Mas ainda é a realidade de muitos pais nos dias de hoje o fato de colocar a criança no centro de tudo, deixando para trás a vida social, a participação na vida da Igreja e demais hábitos que eles já tinham antes.
 
Quanto a isso, o bispo acredita que os pais devem ter consciência de que o filho é muito mais que uma obra deles, mas sim uma obra de Deus. Dessa forma, “mais eles estarão atentos para manter essa relação com Deus, na oração em casa, no agradecimento, no pedido e, certamente, na participação na vida da Igreja, da comunidade”.
 
Para a própria criança que chega à família, Dom Petrini diz ser necessário sentir o apoio em Cristo para que ela possa desenvolver uma personalidade firme, sólida e segura. “Isso depende totalmente da educação que pai e mãe vão dando a esta criança desde os primeiros meses de sua vida”, ressaltou Dom Petrini.
 
Filhos x estabilidade financeira
 
O desafio dessa educação que deve ser dada aos filhos é um fator que por si só assusta muitos pais nos dias de hoje. Além disso, outro fator é a questão financeira, que faz alguns casais adiarem o acolhimento aos filhos, frutos do casamento, ou até mesmo optar por não tê-los.
 
“Nós acabamos empobrecendo as realidades mais maravilhosas e grandiosas ao seu tamanho monetário, inclusive algo precioso como um filho é calculado em termos de custo e benefício”, afirmou Dom Petrini.
 
O bispo reconheceu que, de fato, uma criança traz muitas despesas, mas ele acredita que sempre há uma forma de ajustar o orçamento; a quantidade de dinheiro não é, para ele, um fator que determina um bom pai ou uma boa mãe.
 
“Aquilo que é mais importante é o sorriso da mãe, o acolhimento, o abraço, o cuidado, o afeto que pai e mãe trocam entre si e a criança cresce em um ambiente de amor que lhe dá segurança. Isto é o valor maior”.
 
Da mesma forma, Virlaine se posiciona a favor da vida, defendendo que se tenha quantos filhos for possível ter, assumindo uma paternidade coerente e responsável. Ela concorda que a dimensão financeira é importante na vida de um casal, mas acredita que isso não é tudo.
 
“O dom da vida vale muito mais que estabilidade financeira. Deus precisa ser o centro e o provedor da nossa casa. (…) Se você pode ter mais filhos, tenha. Filhos são um dom de Deus, é o próprio Deus que nos ajuda a criá-los e a educá-los na santidade”, finalizou.

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