A liberdade religiosa é um direito garantido por lei na Constituição Federal de 1988. “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”, diz o inciso VI, do artigo 5º da Constituição.
Mas o que é de fato a liberdade religiosa? Quando começa e quando termina a liberdade da pessoa de se expressar, como quiser, com relação a sua crença? Para o bispo da Diocese de Dourados (MS) e membro da Comissão Episcopal para o Ecumenismo, Dom Redovino Rizzardo, essa liberdade vai além da livre escolha da religião que cada pessoa faz. Ela está ligada à procura pela verdade anunciada por Jesus.
“A liberdade religiosa é algo bem mais bonito e profundo do que pensar: cada um segue o que quiser e acabou. Liberdade religiosa é ter a disposição para viver bem sua fé. Ao mesmo tempo, existe aquela obrigação na consciência de cada um, de procurar a verdade, o que Deus pede para mim”, disse o bispo.
Dom Redovino acredita que esta questão não se limita em acreditar, ou não, que todas as religiões são boas e/ou verdadeiras. Para ele, o cristão tem o dever de permanecer fiel ao Evangelho, sem deixar-se desviar daquilo que Cristo ensinou. Liberdade religiosa, na opinião do bispo, é oferecer uma formação aos cristãos que os levem a encontrar a beleza e a luz da verdade que está na Palavra de Deus, na oração e na caridade.
As diferenças religiosas
Liberdade religiosa e o aspecto da diferença estão interligados, e este último pode causar certa insegurança e alguns questionamentos com relação às opiniões das variadas Igrejas. Dom Redovino ressalta que nesse ponto pode-se encontrar a dificuldade do diálogo, de um relacionamento correto entre as pessoas, até mesmo entre as religiões.
Apesar disso, o bispo afirma que as diferenças não são negativas, como geralmente são classificadas. Elas podem servir de apoio para que os cristãos busquem uma identidade de fé mais acentuada, visto que é necessário ter uma fé sólida para, então, dialogar com as pessoas de outras denominações.
"A diversidade nos obriga a uma identidade cristã bem mais acentuada e profunda, porque quanto mais eu me sinto seguro da minha fé, mais eu sou capaz de ter aquela liberdade interior de me relacionar com qualquer pessoa. Quando eu me sinto fraco na fé, eu tenho medo de que outras crenças, outras religiões, possam derrubar as minhas, assim ditas, seguranças. A diferença de religião nos convida a sermos mais maduros na fé!”, explicou.
Segundo Dom Redovino, apesar de existirem, as diferenças não podem ser barreiras. "Como dizia o Papa João XXIII, há muito mais elementos que nos unem do que os que nos separam. Uma característica de um cristão adulto e verdadeiro é o ecumenismo. A defesa pela autenticidade da família e pela preservação da vida são pontos fundamentais onde os cristãos poderiam e deveriam unir suas forças."
Para o bispo, muito mais do que discutir dogmas religiosos e questões teológicas, o primeiro passo a ser dado é juntar os corações, as forças, as vidas; caminhar juntos, indo ao encontro das necessidades da população. “Trabalhando juntos, vivendo a caridade, também a fé vai se purificando", afirmou.
A caridade é a melhor maneira para se viver a mesma fé, recorda Dom Redovino. "Acho que um dos caminhos para o ecumenismo é unir forças; é trabalharmos juntos, indo ao encontro de tantas necessidades de irmãos que não perguntam se somos católicos ou não."
Desde domingo, 12, celebra-se, no hemisfério sul, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Os dias de oração e reflexão seguem até o próximo dia 19, Festa de Pentecostes.
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