4º Meeting Point fala sobre Reforma da Base Curricular e exclusão do Ensino Religioso nas escolas públicas
Monique Coutinho
Enviada a Aparecida (SP)
Em paralelo às atividades tradicionais da 55ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida (SP), o Bispo de Sorocaba (SP), Dom Julio Endi Akamine, participou nesta terça-feira, 2, do 4º Meeting Point sobre o “Ensino Religioso e a Reforma da Base Curricular Comum”.
O assunto, que repercute em todo Brasil, se tornou um desafio nacional, pois ele visa orientar e elaborar currículos escolares, assim como políticas educacionais, avaliando o aprendizado dos estudantes. De acordo com o Dom Julio, o país tem cerca de 49 milhões de estudantes matriculados na educação básica e oito milhões no ensino superior, o que é preocupante, pois estas pessoas tendem a se adaptar às novas regras escolares.
“A base nacional comum curricular serve para muitas coisas, como indicar com precisão as competências que os alunos devem desenvolver e os conteúdos essenciais para cada etapa da educação, mas a finalidade mais importante é a superação das desigualdades sociais. Infelizmente a situação atual da educação é a de reproduzir ainda as desigualdades sociais e estas bases é um instrumento importante para caminharmos para a superação destas diferenças”, afirma.
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Um dos pontos com destaque nesta nova base curricular é a retirada da disciplina Ensino Religioso. O Ministério da Educação (MEC), alega que respeita a lei que determina que o tema seja optativo e que é competência dos sistemas de ensino estadual e municipal defina regulamentação.
De acordo com o Bispo de Sorocaba (SP), o Ensino Religioso não se trata de catequizar os estudantes, mas de informar e ensinar as diferenças das tradições religiosas, colocando o aluno em contato com outras doutrinas e para que isso ocorra, existem um desafio maior. “O desafio maior é poder definir se o Ensino Religioso das escolas públicas devem ser convencional ou não” acrescenta.
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Para que a disciplina seja bem lecionada é preciso que haja uma formação de professores, pois não é qualquer um que consegue ensinar tal disciplina, pois ela exige fé e diálogo.
“Precisamos preparar professores que tenham identidade religiosa e que ao mesmo tempo tenham uma grande abertura ao diálogo. O fato de termos convicções religiosas e não abdicar delas, não significa que iremos criar uma “guerra santa” dentro da escola, pelo contrário, é a partir desta identidade que a gente consegue se abrir para o diferente e dialogar com o outro, sem exigir que ele também se abdique das suas convicções religiosas”.
Para Dom Julio, é de extrema importância que crianças e adolescentes tenham contato com tradições religiosas e a ausência desta disciplina nas escolas pode interferir em tais desenvolvimentos.