Acabou a JMJ. E agora?

Bispo auxiliar de BH comenta atitudes dos jovens após a JMJ

Juventude segue empenhada na evangelização após receber os estímulos do Papa Francisco na JMJ de Cracóvia no mês passado

Jéssica Marçal
Da Redação

Jovens reunidos na Missa de abertura da JMJ 2016 / Foto: site oficial JMJ 2016

Jovens reunidos na Missa de abertura da JMJ 2016 / Foto: site oficial JMJ 2016

Um mês se passou desde a Jornada Mundial da Juventude 2016, realizada em Cracóvia, na Polônia, de 25 a 31 de julho passado. A organização da JMJ 2016 estimou em 2,5 milhões o número de participantes no evento; só no primeiro dia, cerca de 200 mil participaram da Missa de abertura.

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Além de lembranças, os jovens voltaram para casa com a mala recheada de palavras do Papa Francisco, que convidou a juventude a sair do sofá, calçar os sapatos e evangelizar (Todos os discursos do Papa na JMJ 2016). Como será que os jovens acolheram as palavras do Papa, esse impulso evangelizador dado por Francisco? O noticias.cancaonova.com conversou com o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), Dom João Justino de Medeiros Silva, que é referencial para a juventude na arquidiocese.

O bispo acompanhou um grupo de jovens a Cracóvia e conta que eles retornaram de lá muito tocados com a experiência que viveram. Eles não ficaram parados após a JMJ: no último dia 15 de agosto, feriado em Belo Horizonte (MG), mais de 15 mil jovens participaram da 21ª Peregrinação da Juventude ao Santuário Nossa Senhora da Piedade. Além disso, o bispo conta que os jovens estão organizados em expressões eclesiais diferentes, atuando em grupos de teatro, dança e serviços aos mais pobres. Confira, a seguir, a entrevista com Dom João Justino:

1- Um mês se passou após a JMJ 2016. Para o senhor, qual foi a principal mensagem desse evento para os jovens?

Dom João Justino / Foto: Arquidiocese de Belo Horizonte

Dom João Justino / Foto: Arquidiocese de Belo Horizonte

Dom João Justino de Medeiros Silva: A misericórdia. Os jovens puderam escutar, meditar, rezar e refletir sobre a misericórdia. Foi um tempo muito intenso para experimentar a compaixão do Senhor Jesus Cristo. Nas catequeses que tive oportunidade de ministrar, encontrei jovens atentos e sedentos de beber nas fontes do perdão que renova a vida das pessoas e, portanto, da sociedade. Um grande número deles celebrou a reconciliação pelo sacramento da confissão.

2- Na arquidiocese de Belo Horizonte, alguns jovens foram para a Polônia participar da JMJ. Como esses jovens retornaram de lá? Que experiência fizeram?

Dom João Justino – Aproximadamente 300 jovens da Arquidiocese de Belo Horizonte foram a Cracóvia. Em grupos diferentes, eles viveram a experiência e os desafios próprios de um evento dessa natureza e magnitude. Acredito que, junto com a experiência da misericórdia, a JMJ ofereceu-lhes uma oportunidade de encontro com o diferente. Nossos jovens voltaram muito tocados pela acolhida dos poloneses, que foram simpáticos e esforçaram-se para oferecer o melhor. A língua polonesa, tão diferente do português, não foi empecilho para a comunicação entre a juventude, que sempre encontrava um modo de se fazer entender. A fé cristã que nos une fez com que todos se sentissem irmãos e pudessem estar juntos rezando, cantando, dançando e alegrando-se, na bonita experiência de ser jovem e do encontro com milhões de irmãos.

3- Como a Jornada Mundial da Juventude contribui para a evangelização da juventude, em especial aquela que está afastada da Igreja?

olho1Dom João Justino – O maior impacto da JMJ se dá entre aqueles que participam diretamente dos eventos. Entre os jovens da Arquidiocese de Belo Horizonte que foram à
Cracóvia não observei nenhum que estivesse propriamente afastado da Igreja. Eles eram jovens engajados em suas comunidades. Uns mais, outros menos. Nesse sentido, a participação na JMJ reforça a experiência de fé, reanima para a vida eclesial e fortalece os vínculos dos jovens entre si – enquanto marcados pela fé em Jesus Cristo – e incrementa a participação deles em suas comunidades de origem. É provável que, dada a proporção do evento, jovens afastados da Igreja tenham percebido quão rica é essa experiência de crer em Jesus Cristo.

4- Em um dos discursos na JMJ, o Papa Francisco convidou os jovens a saírem do sofá e calçarem os sapatos para evangelizar. Como a juventude da arquidiocese de Belo Horizonte tem se movimentado nesse sentido, após esse impulso do Papa?

Dom João Justino – Na Arquidiocese de Belo Horizonte, considerando sua extensão e numerosa população, encontramos milhares de jovens organizados em expressões eclesiais diferentes. Temos os grupos de jovens paroquiais, grupos de Pastoral da Juventude, grupos vinculados a movimentos, associações e novas comunidades e tantas outras expressões. A cada dia, eu me surpreendo ao encontrar jovens que estão agregados de alguma forma. Um bom exemplo desse espírito de congregação e envolvimento foi o momento especial de encontro com mais de 15 mil jovens da Arquidiocese de Belo Horizonte, durante a 21ª Peregrinação da Juventude ao Santuário Nossa Senhora da Piedade, no dia 15 de agosto. Uma demonstração bonita do envolvimento dos nossos jovens com as atividades da nossa Igreja. Era uma segunda-feira, um feriado. Eles poderiam ter escolhido outra atividade para fazer, mas escolheram sair de casa para estarem em comunhão com tantas pessoas, seguindo o convite do Papa Francisco.

olho2Outro exemplo de engajamento foi o Festival de Música organizado pelo Serviço de Animação Vocacional (SAV), no último fim de semana. Das doze músicas concorrentes, onze eram de grupos musicais, às vezes chamados de ministério de música, formados sempre por jovens. A música é uma forma de agregação muito interessante. Temos também grupos de teatro, dança e serviços aos mais pobres, como ronda noturna para serviço à população de rua. Eu afirmaria, sem receio, que a juventude que já se encontra de alguma forma presente nas comunidades eclesiais não está comodamente na poltrona. O desafio é que esses jovens se disponham a sair em busca daqueles que estão comodamente assentados e, às vezes, desanimados. Eu acredito que o melhor evangelizador do jovem é outro jovem. Essa é uma tarefa que exige deles, pela fé no Evangelho, ir ao encontro de outros e convidá-los.

5- Quais projetos de evangelização da juventude surgiram ou podem surgir na arquidiocese a partir do que foi a JMJ 2016?

Dom João Justino – Considero que a primeira contribuição virá pelo testemunho de que é possível o encontro com o diferente, inclusive com a diferença das maneiras de viver a fé em comunidade na grande variedade de “pertenças”. Estamos vivendo a 5ª Assembleia do Povo de Deus e teremos, no dia 25 de setembro, uma Assembleia especial com a juventude. Com certeza, os jovens vão apresentar suas demandas no contexto da vida da Igreja de Belo Horizonte. Nós estaremos lá para escutá-los e acompanhá-los. É nossa tarefa.

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