Assembleia dos Bispos

O Ano da Fé motiva a Nova Evangelização, diz bispo em coletiva

O Ano da Fé, a vida, a Família e a questão agrária, foram os assuntos da coletiva de imprensa, nesta segunda-feira, 15, durante a Assembleia Geral dos Bispos, em Aparecida (SP). Os temas também permearam as discussões dos bispos durante as plenárias, neste sexto dia do encontro.

Sobre o Ano da Fé, o presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, disse que apesar da mudança no pontificado, o Ano da Fé instituído pelo Papa Emérito Bento XVI continua a ser celebrado e agora, com o apoio do novo Pontífice, o Papa Francisco.

Dom Sérgio também destacou duas dicas para que não se caia em equívocos acerca do Ano da Fé. A primeira, é não pensar que o evento está ligado somente à Comissão para a Doutrina da Fé; a segunda é compreender que o Ano da Fé não está relacionado somente às questões doutrinais, mas abrange outros aspectos.

“É muito importante compreender que o Ano da Fé vai além da Comissão para a Doutrina da Fé e ter presente que o ato da fé tem a ver com o conjunto da vida.  A Comissão oferece sua contribuição, mas sem a pretensão de fechar-se neste tema. Achar que o Ano da Fé tem a ver somente com a Doutrina, é outro equivoco. O ato de crer e conhecer bem é fundamental, mas cada cristão precisa conhecer e sobretudo vivenciar a fé conhecida”, explicou.

Dom Sérgio também destacou que a CNBB está lançando uma nova versão, atualizada, do Catecismo da Igreja Católica e disse que este continua sendo um instrumento importante para o conhecimento e a vivência da Fé.

A Nova Evangelização foi mencionada pela Arcebispo de Brasília. Ele explicou que a temática fará parte ainda das discussões na Assembleia Geral e enfatizou que ela está intimamente ligada ao Ano da Fé. “O Ano da Fé motiva a Nova Evangelização. E a fé que celebramos nos motiva para uma evangelização renovada”.

Semana da Família, aborto e bioética

Dom João Carlos Petrini, presidente da Comissão Pastoral para a Caridade, Justiça e Paz, destacou em sua fala a nova edição (2013) do livro “Hora da Família”, preparado especialmente para a Semana da Família, que acontece em agosto. De acordo com o bispo, o livro contem dez histórias com o relato de dez casais, dentre eles, alguns canonizados pela Igreja e outros que são candidatos aos altares. “As histórias servem de testemunho de que a família acontece num horizonte de santidade”, disse o bispo.

Perguntado sobre a posição da Igreja sobre o apoio do Conselho Federal de Medicina ao aborto, Dom Petrini afirmou: “A nota do CFM não leva em consideração todos os fatores que estão em jogo nesta situação. É evidente que nenhuma mulher faz um aborto exultando de alegria, como se fosse uma conquista. É um drama e continuará ser um peso aquele aborto na vida daquela mulher.”

O bispo acredita ser necessário oferecer caminhos melhores a essas mulheres para que possam  levar até o fim a sua gravidez. “Não há alegria maior que ajudar a mãe a ser mãe”, afirmou Dom Petrini.

O bispo também recordou que a CNBB divulgou nota sobre o assunto. “Que os legisladores sejam capazes de considerar melhor todos os aspectos da questão em pauta e que seja possível um diálogo efetivo, com abertura para alargar o uso da razão. Deste modo, será possível legislar em favor do verdadeiro bem das mulheres e dos nascituros, e se consolidará o Estado democrático, republicano e laico, que tanto desejamos”, diz o texto divulgado no mês passado.

Outra informação relevante que Dom João passou aos jornalistas é sobre um material que trata da bioética e que será oferecido aos jovens na Jornada Mundial da Juventude, neste ano. Serão produzidos mais de dois milhões de livros. Cada jovem que participar da JMJ receberá um exemplar junto à mochila do evento. Trata-se de um manual, com 80 páginas om diversos temas, numa linguagem acessível a todos.

Documento sobre a questão agrária

Já o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Caridade, Justiça e Paz, Dom Guilherme Werlang, destacou que a Igreja sempre serviu de apoio ao homem e à mulher da terra. “A questão agrária no Brasil faz 500 anos que ela existe. Se formos olhar nos primeiros anos da chegada dos estrangeiros, foi a Igreja quem esteve em defesa na luta pelos direitos da pessoa humana”.

No entanto, o bispo também afirmou que há 30 anos não existe um documento oficial da Igreja no Brasil falando sobre o assunto. Mesmo assim, a Igreja voltou sua atenção ao povo da terra por meio de notas, Campanhas da Fraternidade e outros meios. Mas, após algumas reuniões da Comissão durante a Assembleia, os bispos foram unânimes em dizer: “é urgente e necessário um documento que trate sobre este assunto. Os bispos precisam falar sobre as questões agrárias no Brasil.”

Para esta Assembleia Geral foi elaborado um documento. Porém, os bispos acharam que, por se tratar de um assunto importante, o texto sobre a questão agrária será reelaborado e enviado aos bispos do Brasil durante este ano. Em 2014, o assunto voltará para a 52ª Assembleia Geral, a fim de que todos os bispos participem da aprovação.

“É um documento para a Igreja, para o Estado brasileiro e para a sociedade (partidos políticos, sindicatos, empresários e grandes movimentos sociais, via campesina e etc). A todos queremos dizer uma palavra de ânimo, de reerguimento. Será uma palavra de que nós acreditamos que é possível construirmos juntos um país onde a vida seja plena a todos”, ressaltou Dom Werlang.

Outro assunto abordado dentro da questão agrária, foi a água. “A questão da água não dá pra separar da questão da vida. Vamos tratar da questão da água no documento”, destacou o bispo.

Segundo Dom Werlang, há uma necessidade de que a sociedade, como um todo, se posicione e diga: “nós não podemos mercantilizar a água”. Para o bispo, a água é indispensável à vida e deve ser acessível a todo ser humano. “Nós precisamos, profeticamente, dizer que a água não pode ser uma matéria de lucro de mercadoria, mas é um direito do ser humano.”

Nesta terça-feira, 16, os bispos retomam as pautas para a 51ª Assembleia Geral. Durante a Missa que abrirá os trabalhos de amanhã (16), os bispos rezarão pelas dioceses que têm também como rebanho os povos indígenas.

                

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