As obras artísticas da igreja da Consolação, considerada uma das mais bonitas da cidade de São Paulo estão em risco. Nem a cúpula central de 500 metros quadrados, obra do artista Hans Bauer, escapou das infiltrações. Com infiltrações no teto e nas paredes, as pinturas do século 18 estão desaparecendo. A última reforma da igreja foi interrompida por falta de dinheiro, mas agora será retomada.
Segundo o páraco responsável pela igreja seriam necessários oito milhões de reais para restaurar todo prédio. Desse total, 600 mil seriam destinados ao órgão, considerado um dos melhores de São Paulo e que foi instalado em 1930. "temos obras de grandes artístas e pintores que necessitam dessa reforma importante não só para a igreja, a paróquia mas também para a cidade e a comunidade", comenta o Padre José de Assis Batista, pároco da Igreja da Consolação.
Só na igreja nossa Senhora da Boa Morte, inaugurada em 1810, serão gastos mais de R$ 6 mi nas obras de restauro. A previsão de entrega é julho do ano que vem, mas são tantos detalhes históricos que chamam a atenção até dos restauradores mais experientes. " a gente identifica três ou quatro procedimentos diferentes para executar o mesmo trabalho. "É isso que faz o trabalho ser dignificante e bom", explica a gerente de obras Maria Aparecida Soukef Nasser.
A reforma está sendo feita com recursos arrecadados junto à iniciativa privada pela Lei Rouanet e a outra parte foi repassada pelo governo estadual. A arquidiocese de São Paulo também quer restaurar outros cinco marcos do patrimônio histórico religioso da cidade. "nós trabalhamos como ourives aqui. essa obra é como se fosse uma jóia. É a mesma proporção em grande escala", comenta a arquiteta responsável pela obra na igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, Carolina Midori Oshiro.
A idéia é que ela esteja pronta para as comemorações dos 100 anos da arquidiocese. Para o cardeal-arcebispo Dom Odilo Scherer, recuperar as igrejas de São Paulo não tem um significado apenas religioso. "nós temos muito patrimônio cultural da cidade que está em poder da igreja, que é parte da igreja. Nós temos consciência de que, sendo da igreja é da cidade, é do povo", acrescenta o cardeal.