Investigações

Supremo Tribunal Federal divulga conteúdo dos áudios da JBS

Áudios podem fazer com que acordo de delação dos executivos da JBS seja revisto

Rodrigo Janot, Procurador-geral da República / Foto: Agência Brasil

Da redação, com Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou há pouco a íntegra dos áudios entregues por advogados da JBS à Procuradoria-Geral da República (PGR). O conteúdo das gravações traz evidências de informações que foram omitidas pelos delatores durante as investigações no âmbito da Operação Lava Jato.

Janot revelou na segunda-feira, 4, a existência dessas gravações. Em seguida, o procurador abriu investigação para apurar a omissão de informações das delações dos executivos da JBS. O sigilo dos áudios foi quebrado no início da noite desta terça-feira, 5, o pelo ministro Edson Fachin, relator das delações da JBS.

Em pronunciamento, Janot informou que o fato pode levar à revisão ou até mesmo anulação do acordo de delação premiada que foi firmado com Joesley Batista e outros executivos da JBS. A suspensão dos benefícios, no entanto, não deve invalidar as provas já coletadas no processo, segundo o procurador. A decisão final, porém, ficará a cargo dos ministros do Supremo.

Alguns trechos dos áudios da conversa já foram divulgados pela revista Veja. Na conversa gravada entre Joesley Batista e Ricardo Saud, os executivos dão evidências de irregularidades que teriam sido cometidas por autoridades da PGR e do STF.

Entre os fatos omitidos na delação, estaria o envolvimento do ex-procurador Marcelo Miller em crimes cometidos pelos empresários. Miller estava na procuradoria durante o período das negociações para a delação e deixou o cargo para atuar em um escritório de advocacia em favor da JBS. Em nota, Miller negou as acusações de ter atuado como “agente duplo” e diz que não cometeu ato de improbidade administrativa.

A ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, já pediu à Polícia Federal que as citações aos ministros nas gravações da JBS sejam investigadas. De acordo com a ministra, a dignidade dos ministros do Supremo está em jogo e esta investigação é necessária para que não pairem dúvidas sobre a idoneidade dos integrantes da mais alta corte judicial do país. “Agride-se, de maneira inédita na história do país, a dignidade institucional deste Supremo Tribunal e a honorabilidade de seus integrantes”, disse.

Os executivos da JBS divulgaram uma nota nesta quarta-feira, 6, em que se desculpam pelo teor das gravações divulgadas. “Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos ministros e ministras do Supremo Tribunal Federal, ao procurador-geral da República e a todos os membros do Ministério Público”.

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