O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,57 por cento em setembro, após alta de 0,41 por cento em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 5. Trata-se da maior variação positiva desde abril passado, quando avançou 0,64 por cento, e a maior para o mês desde 2003 (0,78 por cento).
Mais uma vez, os preços dos alimentos pesaram sobre o indicador, com alta de 1,26 por cento no período, também mostrando aceleração sobre agosto, quando haviam avançado 0,88 por cento. Só no mês passado, o grupo alimentação e bebidas respondeu por 53 por cento do IPCA, segundo o IBGE.
No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA subiu 5,28 por cento, acima dos 5,24 por cento de agosto. É a maior alta anual acumulada desde fevereiro deste ano, com 5,85 por cento.
Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 0,55 por cento no mês passado, acumulando em 12 meses ganho de 5,27 por cento. Para a variação mensal, as projeções ficaram entre 0,48 a 0,60 por cento.
Os preços dos alimentos vêm pressionando os indicadores de inflação recentemente, após uma seca nos Estados Unidos e clima desfavorável também no Brasil.
Com isso, o resultado de agora corrobora a leitura de setembro do IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, que acelerou a alta para 0,48 por cento, também influenciado principalmente por alimentos.
O IBGE informou ainda que o grupo habitação também influenciou a alta do IPCA no mês passado, cujos preços avançaram 0,71 por cento, acima do 0,22 por cento visto em agosto.
O grupo despesas pessoais, também na variação mensal, apresentou alta de 0,73 por cento em setembro, enquanto que o de vestuários, de 0,89 por cento. Em agosto, os preços dessas atividades haviam subido 0,42 e 0,19 por cento, respectivamente.
Segundo o IBGE, o único grupo que mostrou queda nos preços em setembro foi o de transportes, de 0,08 por cento, frente a agosto.
A inflação cada vez mais longe do centro da meta do governo, de 4,5 por cento pelo IPCA, colabora para a perspectiva de que o Banco Central irá manter a Selic na atual mínima histórica de 7,50 por cento na reunião da próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente.
Entretanto, dados da produção industrial abaixo do esperado nesta semana chegaram a elevar as apostas no mercado futuro de juros em mais um corte de 0,25 ponto percentual, algo que vem se acentuando nos últimos dias.
Pesquisa da Reuters apontou que a maioria dos especialistas consultados acredita na manutenção da taxa básica de juros em 7,5 por cento, com o objetivo de evitar uma inflação ainda maior em 2013.
Após promover o nono corte seguido na Selic em agosto, o Copom deixou claro que, se houver espaço para um novo corte, ele será feito com "máxima parcimônia".
Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o Banco Central estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 5,2 por cento neste ano pelo cenário de referência.