Os bispos das dioceses do Estado de São Paulo estiveram reunidos em assembleia, em Itaici, juntamente com sacerdotes, religiosos e leigos, representantes das coordenações pastorais nas dioceses e no Estado, de 16 a 18 de outubro, para refletir sobre as propostas e metodologias da Missão Continental.
A Missão Continental é um projeto missionário assumido pelo episcopado da América Latina e do Caribe após a realização da Conferência de Aparecida, em 2007, e tem como meta promover uma nova postura missionária. Nossa Igreja, em todo continente, quer estar novamente "em estado de missão", e de forma permanente. A organização da Missão Continental ficou ao encargo das Conferências Episcopais e de cada diocese.
De fato, a missão não acaba nunca; ao contrário, o papa João Paulo 2º, no início do 3º milênio cristão, afirmou que ela está apenas no começo. Precisa ser retomada sempre, pois do contrário, a fé acaba sobre a terra, mesmo se podem aparecer muitas religiões. Em nosso tempo, é necessário evangelizar e fazer missão com novos métodos, novas expressões e com renovado ardor missionário.
A Conferência de Aparecida, após a tomada de consciência sobre a situação da Igreja no meio dos nossos povos, recomendou uma "conversão pastoral e missionária" de cada cristão e de toda a nossa Igreja. Essa conversão requer mudança de atitudes, de metodologias e até de organizações e estruturas, para torná-las mais adequadas ao cumprimento e realização da missão recebida de Jesus Cristo. É preciso até rever horários de atendimento e celebrações, verificar se o povo está sendo atendido adequadamente…
Antes de tudo, todos nós, batizados, precisamos converter o coração e a cabeça a Cristo e ao seu Evangelho, tornando-nos mais e mais discípulos autênticos de Cristo, seus amigos e seguidores; precisamos conhecê-lo profundamente, viver unidos a Ele, amá-lo de todo o coração e ter olhos abertos para reconhecê-lo onde Ele se apresenta a nós. Sem a fascinação por Cristo, ninguém se torna missionário! Essa mesma fascinação por Cristo também precisa ser sentida em relação à Igreja, corpo de Cristo e esposa muito amada por Ele. Sem amor à Igreja e profunda união com Ela, também não acontece a missão.
A conversão pastoral-missionária ainda requer a adequação das nossas organizações eclesiais e pastorais para servirem melhor à missão. As paróquias precisam tornar-se comunidade de comunidades; muitas formas de vida eclesial já existentes precisam ser incentivadas: pequenas comunidades, pastorais, comunidades de vida consagrada, associações e movimentos… As famílias católicas precisam ser ajudadas a fazer a conversão pastoral e missionária, tornando-se verdadeiras "igrejas domésticas" e comunidades de discípulos- missionários. A transmissão da fé sempre aconteceu, sobretudo, nas famílias.
No Evangelho proclamado na liturgia do domingo passado (Lc 18, 1-8), Jesus faz uma pergunta intrigante: "Quando o Filho do Homem vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?" Se Jesus levanta a dúvida, certamente é porque a perda da fé é uma possibilidade real. O Papa Bento 16, em várias ocasiões, alertou para a tentação de excluir Deus da vida humana e da vida social. Para que isso não aconteça, cabe-nos ser fiéis e perseverantes na missão de proclamar a Palavra de Deus e de testemunhar, de maneira corajosa, a nossa fé. A missão continental, realizada em todas as dioceses, fará com que nossa Igreja se renove na evangelização e na vida eclesial.
Arcebispo de São Paulo
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