Na última matéria da série Adultização: Efeitos e Prevenção, vamos conhecer a orientação da Igreja para as famílias protegerem os menores. Teólogos e pastorais falam de forma clara, como agir no dia a dia.
Reportagem de Gabriela Matos e Ersomar Ribeiro
Conhecemos o conceito de adultização e o que a lei diz sobre trazer responsabilidades precocemente a crianças e adolescentes. Mas e o que diz a Igreja? Qual a orientação dada às famílias no trato de suas crianças? Como prevenir situações indesejadas?
“Prevenção é resguardar. Prevenção é governar. Prevenção é preparar as pessoas para que possamos viver em comunidade. E todos nós temos um momento especial da nossa vida, no qual precisamos quase sempre de prevenção”, apontou o teólogo, padre Rafael Solano.
Padre Rafael afirma que a prevenção nasce da virtude da prudência, com diálogo aberto e sincero, além da imposição de limites. Ele lembra que existem realidades na vida que não devem ser aceleradas, pois a precocidade não é sadia. Cada momento do processo de amadurecimento deve ser respeitado para evitar que as crianças cresçam com desconfiança.
“A maior prevenção que nós temos hoje é a companhia. Quando você está acompanhado de um adulto responsável, não temos que ter medo de tudo e nem tudo vai acontecer. O pior que pode fazer um adulto no processo de maturidade da criança é infantilizá-la, porque vai criar imaturidade, suspeita e curiosidade”, afirmou padre Rafael.
Vice-coordenadora da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Brasília, Antonete Lobo frisa a importância da família como igreja doméstica e da vivência do amor dentro de casa. “Viver a espiritualidade dentro de casa. Não basta você ir à missa aos domingos, botar lá na catequese e não viver essa fé dentro de casa. É preciso ter amor, é preciso ter diálogo, é preciso conversar, estabelecer um vínculo familiar, afetivo muito forte. E como é que se vive isso? Com amor”, abordou ela.
Com o exemplo da própria casa, ela reforça a importância de reservar um momento em família, como diálogo e refeições à mesa. “Isso é fundamental para estabelecer um vínculo forte com seus filhos. Você pode estabelecer um horário para vocês fazerem. Olha, o almoço de domingo ou de sábado, a gente vai fazer em família. Por quê? É o mesmo que você tá dizendo. Esse momento é nosso. Esse momento é para eu mostrar o meu amor por você. É o momento que você tem para falar comigo, para me dizer o que que tá se passando”, frisou Antonete.
“A curiosidade faz parte do processo de conhecimento. A precocidade é o pior que pode acontecer no processo do conhecimento”, concluiu o padre.