As Forças Armadas serão acionadas na cidade em função do Plano Nacional de Segurança, fase Rio de Janeiro, que irá até o fim de 2018
Agência Brasil
As ações das Forças Armadas no Rio de Janeiro, anunciadas nesta semana pelo governo federal, serão feitas de surpresa, sem aviso prévio. A informação é do ministro da Defesa, Raul Jungmann.
“Vamos atuar com efeito surpresa, então todas as informações são sigilosas. O conceito dessa operação não é a clássica GLO [Garantia da Lei e da Ordem]”, disse o ministro.
Atualmente, o uso das Forças Armadas deve se autorizado por meio de decreto presidencial, para a Garantia da Lei e da Ordem. A Constituição Federal permite que as Forças Armadas, por ordem presidencial, atuem em ações de segurança pública em casos de grave perturbação da ordem e quando o uso das forças convencionais de segurança estiver esgotado.
Na última quinta-feira, 21, o governo anunciou que as Forças Armadas serão acionadas na cidade em função do Plano Nacional de Segurança, fase Rio de Janeiro, que irá até o fim de 2018. De acordo com Jungmann, as tropas poderão ser usadas quando houver necessidade.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública já enviou 1 mil agentes ao estado, sendo 620 da Força Nacional e 260 da Polícia Rodoviária Federal, para reforçar o efetivo do estado. Outros 120 agentes da PRF devem chegar na próxima semana. Segundo o ministério, esses agentes participam, ininterruptamente, de operações na capital e interior, em parceria com os órgãos locais de segurança pública.
Nos próximos dias, será montado no Rio de Janeiro um gabinete de inteligência, no qual oficiais graduados do Exército, Marinha e Aeronáutica trabalharão em conjunto com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com a Polícia federal e outros órgãos de segurança pública estaduais e municipais. Segundo o Ministério da Defesa, o objetivo é colher informações e dar comandos baseados nos dados obtidos.
Violência no Rio
As Forças Armadas irão reforçar a segurança no Rio, que vive um aumento dos casos de violência, assustando a população. Nas últimas semanas, por exemplo, a Linha Vermelha, uma das principais vias da cidade, foi alvo de diversos tiroteios entre policiais e criminosos, obrigando os motoristas a deixarem os carros na via e se agacharem do lado de fora para não serem atingidos.
Em 2017, 91 policiais militares foram mortos no estado, incluindo aqueles em serviço, de folga e os aposentados. A vítima mais recente foi o sargento Hudson Silva de Araújo que participava de um patrulhamento quando foi atingido. O policial militar morreu após ser baleado na Favela do Vidigal, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, na madrugada deste domingo, 23.
Na sexta-feira, 21, o soldado Fabiano de Brito e Silva, de 35 anos, morreu durante um confronto com criminosos armados na Baixada Fluminense. O corpo dele foi enterrado neste sábado, 22. O número de policiais mortos este ano no Rio de Janeiro já supera o número dos assassinados em 2016.
A violência tem afetado a rotina das escolas na capital fluminense. Dos 105 dias de aula no período letivo, apenas oito transcorreram normalmente em todas as escolas da cidade, sem serem interrompidos pela violência. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, somente neste ano, uma em cada quatro escola teve que fechar durante determinados períodos ou foi forçada a interromper as aulas por causa dos tiroteios ou outros tipos de confrontos. Em abril, a secretaria informou que cerca de 70 mil alunos tinham ficado sem aula pelo menos um dia desde o início do ano letivo de 2017, em 2 de fevereiro.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou, nesta semana, comunicado em que demonstra preocupação com o impacto da violência no desenvolvimento das crianças no Rio de Janeiro.
Com a crise, o governador Luiz Fernando Pezão reúne-se nesta semana com o presidente Michel Temer para pedir ajuda ao governo federal para reforçar a segurança no estado.