Na primeira fase do processo, serão reunidos documentos e testemunhos que ajudem a verificar a santidade de Dom Luciano
Da redação, com agências
O processo de beatificação de Dom Luciano Mendes de Almeida foi aberto nesta quarta-feira, 27, durante uma Missa solene na Catedral Metropolitana de Mariana (MG). O início do processo foi autorizado no dia 13 de maio pela Congregação para a Causa dos Santos.
Na celebração, presidida pelo Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, foram apresentados os integrantes do Tribunal Eclesiástico, responsável por reunir documentos e testemunhas que ajudem a verificar a santidade do arcebispo.
“Por parte da Santa Sé, não há nada que impeça, para que se inicie a Causa de Beatificação e Canonização de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida”, informou a Congregação.
O processo
O postulador da causa de Dom Luciano, monsenhor Roberto Natali, adianta que se trata do início do processo. “Ainda estamos na fase de preparação para a abertura do processo na diocese”, declarou.
Segundo ele, “essa primeira fase ocorre na Arquidiocese de Mariana, onde Dom Luciano atuou por 18 anos. A segunda fase, que é decisiva, será em Roma”.
Para que o bispo seja beatificado será necessário comprovar, por meio de documentos e depoimentos, que ele levou uma vida virtuosa, por meio da prática cristã como a fé, esperança, amor, prudência, fortaleza, temperança, humildade, pobreza, obediência e castidade. Não há prazo determinado para a conclusão da primeira fase.
“Não acredito que o fato dele ser jesuíta, como o Papa Francisco, possa agilizar o processo de beatificação de Dom Luciano que, graças a Deus, está começando agora. Já é um grande passo colocar a vida de Dom Luciano em foco”, afirma o postulador.
Caso a documentação seja aprovada em Roma, com um decreto do Papa Francisco, Dom Luciano passa a ser venerável. A partir deste título, se um milagre alcançado por sua intercessão for provado, o religioso será reconhecido beato. A comprovação de um segundo milagre pode torná-lo santo.
Para mons. Natali, o maior desafio será reunir os casos das pessoas mais humildes, entre eles mendigos e doentes, de quem Dom Luciano costumava cuidar pessoalmente nos hospitais. “Depois de um dia inteiro de trabalho nos afazeres como bispo, ele saía em silêncio e ia a pé socorrer drogados e doentes nos hospitais. São registros que só podem ser encontrados no livro da vida, direto com Deus”, ressaltou.
Dom Luciano
Nascido no Rio de Janeiro em 5 de outubro de 1930, Dom Luciano tornou-se jesuíta ainda jovem, trabalhando na Companhia de Jesus, dos 17 aos 45 anos de idade, onde obteve destaque no trabalho com detentos nas cadeias em Roma.
Foi bispo auxiliar de Dom Paulo Evaristo Arns, em São Paulo, antes de ser nomeado arcebispo de Mariana, em 1988, onde permaneceu até 2006, quando faleceu aos 75 anos. Dom Luciano foi também Secretário geral (de 1979 a 1986) e Presidente por dois mandatos consecutivos (1987 a 1994) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em nota publicada por ocasião de sua morte, a Presidência da CNBB destacou entre as marcas que o religioso deixou na instituição o dinamismo, a inteligência privilegiada, a dedicação incansável e o testemunho de amor à Igreja.
Comenda Dom Luciano
Após a Sessão de Abertura do Processo de Canonização, a Faculdade Arquidiocesana de Mariana promoveu a entrega da Comenda Dom Luciano Mendes de Almeida do Mérito Educacional e de Responsabilidade Social, no Centro Cultural Arquidiocesano.
Criada em 2008, a comenda é entregue a personalidades e organizações que, por suas ações afirmativas, cumprem importante papel na área da responsabilidade social. Nesta edição, entre os agraciados está o Bispo de Xingu (PA), Dom Erwin Krätler, reconhecido por sua luta em favor de causas sociais e ambientais na Amazônia.