8 de março

A presença da mulher no Vaticano: testemunho e história

Neste dia 8 de março, o mundo direciona suas homenagens para celebração do Dia Internacional da Mulher. A data é marcada pelas inúmeras iniciativas e condecorações que visam reconhecer e valorizar o papel da figura feminina na sociedade e em seus diversos segmentos. A Igreja também, nesta ocasião, reforça a valorização da mulher em sua missão, assim como, sua contribuição no bem comum. 

Cristiane Monteiro, missionária da Comunidade Canção Nova há 14 anos, trabalha no Pontífício Conselho para as Comunicações Sociais, do Vaticano, especifícamente no projeto da Rede de Informática da Igreja na América Latina (RIIAL).  Ela é uma das centenas de mulheres que trabalham no Vaticano. Sua função no dicastério para as comunicações está ligada à coordenação do setor de língua portuguesa e todos os serviços correspondentes.

De acordo com a missionária, trabalhar no Vaticano é uma grande oportunidade de crescimento pessoal e uma possibilidade de fazer o bem a um número maior de pessoas. “É uma experiência de universalidade e de uma compreensão do sentido de ser Igreja. Hoje eu começo a entender o nosso continente, a partir do contato com as realidades específicas de cada país. Por isso me sinto imensamente privilegiada de participar desta realidade eclesial que existe há mais de 20 anos,” disse. 

A missionária destaca ainda a Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, publicada em 15 de Agosto de 1988, pelo Papa Beato João Paulo II. Na carta que fala sobre a dignidade e vocação da mulher, João Paulo II destaca: “A dignidade da mulher está intimamente ligada com o amor que ela recebe pelo próprio fato da sua feminilidade e também com o amor que ela, por sua vez, doa.  A mulher não pode se encontrar a si mesma senão doando amor aos outros.”

Considerando essa contribuição feminina oferecida à Igreja, Cristiane afirma que a presença da mulher nos diversos trabalhos do Vaticano é essencial para o crescimento humano e espiritual das relações interpessoais. “Porque de fato a mulher pela sua sensibilidade feminina traz em si toda a potência de resolver os problemas sobre outra ótica e apresentar soluções que auxiliem os homens nos seus contextos específicos.”

Uma das formas de reconhecimento da figura feminina na Igreja de Roma está no jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”. O impresso reservou um espaço mensal intitulado “Mulher Igreja Mundo” que visa expressar o diálogo e acolhimento à vocação da mulher em todos os âmbitos da sociedade. 

Com estas iniciativas “muito louváveis”, Cristiane acredita que há muito o que crescer, principalmente nos relacionamentos interpessoais nos setores da sociedade, no qual a mulher tem um papel essencial.  Segundo ela, é necessário acreditar na comunicação sadia e no recíproco respeito por aquilo que se é, e não somente pelo que se faz e produz. “O trabalho se humaniza e se torna um aperfeiçoamento da criação”, destacou.

A primeira mulher a trabalhar no Vaticano

De acordo com pesquisa realizada pela jornalista Gudrun Sailer e divulgada pela Rádio Vaticano, a primeira mulher a trabalhar no Estado do Vaticano foi Erminia Spier. Nascida em 1898, natural de Frankfurt (Alemanha), ela foi admitida pelo Papa Pio XI, em 1934, provavelmente para trabalhar como Arqueóloga.

De acordo com a pesquisadora, uma curiosidade sobre Erminia é que ela não era freira, nem mesmo católica, mas judia. Nessa época, como também hoje, somente cristãos poderiam trabalhar na Santa Sé. Ao falecer em 1989, o corpo de Erminia foi enterrado num cemitério ao lado do Vaticano. Local onde somente católicos poderiam ser sepultados. Esse fato sinaliza que Spier converteu-se ao catolicismo e, segundo os historiadores, tornou-se uma católica convicta.

Erminia foi a primeira das muitas mulheres que hoje trabalham no Estado do Vaticano. Atualmente, em torno de quatro mil pessoas estão empregadas lá, dentre as quais, aproximadamente, seiscentas são mulheres.

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