O papel da mãe social é dar carinho, amor, orientação, e passar valores e princípios para crianças que tiveram vínculos familiares rompidos
Luciane Marins
Da redação
Às vésperas do dia das mães, o Canção Nova em Foco destaca um jeito especial de ser mãe. Sua missão e rotina se assemelha a de milhões de mães que se dedicam ao cuidado de seus filhos e lares, a diferença é que seus filhos não são biológicos, elas são chamadas mães sociais.
Aqui no Brasil, mais de 300 mulheres se dedicam a esta causa nas Aldeias Infantis SOS Brasil, uma Organização não governamental que trabalha com crianças, jovens e adolescentes.
“A mãe social é colaboradora da Associação, mas, mais do que um trabalho é uma vocação, é uma entrega para crianças, adolescentes e jovens que de alguma maneira foram lesados na sua vida, perderam, ou estão em vias de perder os cuidados dos pais,” explica a assessora nacional das Aldeias, Adriana Laino.
Ouça entrevista completa
Essas mulheres participam da vida dessas crianças, adolescentes e jovens, para dar amor e acompanhar seu desenvolvimento. “Eu me realizo como mãe. Muitos não tiveram a chance de ter um lar, mas aqui, eles conseguem ter,” conta Maria Aparecida Ferreira, mãe social há 17 anos, chamada carinhosamente de Cidinha.
As mães sociais moram na Organização e são profissionais com carteira assinada. Além de passarem por uma rigorosa seleção, passam por uma capacitação de dois anos. A rotina é a de um lar, depende da fase em que as crianças daquela casa estão, e envolve desde o acompanhamento da criança ao cuidado com a casa.
“É uma vida normal, acordo com eles, almoço, durmo, estudo, levo ao médico, ao psicólogo, é uma família normal. A gente tenta passar referência da família, os irmãos não se separam. A gente passeia, viaja, vamos nas reuniões escolares,” explica Cidinha.
Uma verdadeira família
Para a Assessora das Aldeias, a melhor maneira de compreender o trabalho da mãe social é entender que ela é de fato uma mãe, responsável por um lar, que desempenha todas as atividades que uma mãe desenvolve.
Para ser mãe social é preciso alguns requisitos, por exemplo, a mulher deve ter acima de 25 anos e ensino médio, mas a assessora explica que mais do que os requisitos legais, para assumir esse compromisso, é preciso ter no coração a causa social, além de muito amor e dedicação.
“Me sinto muito realizada. É muito gratificante você ver lá na frente o retorno que dá. Tem crianças que estão muito bem na vida. Uma se tornou assistente social, tem um rapaz que formou uma família, tenho os netos sociais, sempre vou visitá-los, é uma família continuada”, comemora Cidinha.
Para a Assessora Nacional, que acompanha de perto o trabalho dessas mães, o mais marcante é ver o desenvolvimento das crianças, a capacidade que elas desenvolvem de olhar para o futuro. “O trabalho é muito difícil, é uma entrega muito grande e a análise do resultado é maravilhoso. É o que vale para essas mulheres e para a Organização.”
Cidinha, que já cuidou de mais de 80 crianças, não pretende parar. “Isso é muito gratificante. Depois que eu me aposentar eu pretendo continuar. Eu amo o que eu faço.”
Sobre a organização
A organização, que está no Brasil há mais de 45 anos, surgiu na Áustria no período pós-guerra. O sistema, chamado casa lar, é uma casa com uma mãe social que atende até nove crianças.
Foi fundado por Hermann Gmeiner, que vivia justamente nesta estrutura familiar: ele tinha oito irmãos, o pai era falecido e sua mãe conseguia cuidar de até nove crianças.