O mês de agosto é dedicado à reflexão sobre as vocações em geral. É um mês temático como normalmente chamamos, pois durante esse tempo refletimos sobre um tema específico, embora outros assuntos também venham à tona. Normalmente a própria liturgia da Palavra de cada dia, em especial a dos domingos, dá o tema principal da reflexão e meditação trazida para alimento do povo de Deus. Aliás, esta é a maneira preferida que os liturgistas apontam para a reflexão dos cristãos.
Nesse aspecto todos os assuntos, sejam eles teológicos, dogmáticos, pastorais, ou pessoais estão contemplados no decorrer do ano através dos temas que a Palavra de Deus proclamada durante as celebrações vai colocando para nossa meditação.
Os dias, semanas e meses temáticos, no entanto, estão presentes na tradição da Igreja como uma oportunidade de organizar uma reflexão e marcar ainda mais um assunto específico que, de uma forma ou de outra, também retorna em outros dias e situações do ano litúrgico. Tomemos como exemplo este mês vocacional: o tema vocação volta muitas vezes quando lemos os chamados dos apóstolos para o seguimento de Jesus; quando ouvimos o chamado de Maria na anunciação; quando escutamos a maneira como Deus, no Antigo Testamento, chamou os profetas e patriarcas.
O tema volta também em algumas outras ocasiões especiais, como a vocação religiosa que celebramos neste final de semana. Com ênfase é comemorada também no dia 2 de fevereiro, dia da vida religiosa, além de outros momentos que cada congregação religiosa reserva dentro de seu calendário.
Temos, portanto, muitas ocasiões para aprofundar alguns temas para que o povo cristão responda com mais generosidade aos sinais dos tempos e ao chamamento à santidade que o Senhor nos faz a cada dia.
Os meses temáticos não são regulamentados oficialmente, por isso nem sempre aparecem da mesma forma tanto nas celebrações litúrgicas como nos subsídios que normalmente existem para alimento das comunidades acerca do tema mensal.
O costume deste mês de agosto é que comemoremos as diversas vocações a cada semana: no primeiro domingo é o dia das vocações sacerdotais. Atualmente também se comemora o dia das vocações diaconais, ou melhor dizendo: dia das vocações aos ministérios ordenados. Essa comemoração se deve ao fato de no dia 4 de agosto celebrarmos o dia de São João Maria Vianney, o cura d’Ars, patrono dos párocos, padres, sacerdotes, e, no dia 10 de agosto, o dia de S. Lourenço, diácono e mártir, patrono dos diáconos.
No segundo domingo de agosto, por imitação do segundo domingo de maio, temos o Dia dos Pais. Sabemos que no Brasil esse dia é comemorado porque antigamente no dia 16 de agosto comemorava-se o dia de São Joaquim, pai de N. Senhora, e por isso adotou-se esse dia e depois o domingo para essa comemoração. Passar a comemorar nesse dia a vocação matrimonial foi apenas um pequeno passo. Começar a fazer no Brasil a Semana Nacional da Família foi outro importante passo, embora a liturgia reserve um domingo após o Natal para o Dia da Sagrada Família, que é também uma comemoração para aprofundar a vida da família cristã.
No terceiro domingo do mês, que ora vivemos, recordamos a vocação à vida consagrada: religiosos, religiosas, consagradas e consagrados nos vários institutos e comunidade de vida apostólica e hoje também nas novas comunidades. Essa recordação é feita porque no dia 15 celebramos o Dia da Assunção de Maria aos céus, solenidade que aqui no Brasil é transferida para o domingo seguinte. Maria, como mulher modelo de consagração a Deus dá o tom da comemoração do dia da vocação à vida consagrada.
O quarto domingo de agosto é o Dia do Catequista, daí a comemoração do dia da vocação do cristão leigo na Igreja, tanto na sua presença ao interno da Igreja como também em seu testemunho nos vários ambientes de trabalho e vida. O dia do cristão leigo voltará a ser comemorado no último domingo do ano litúrgico, domingo de Cristo Rei.
Algumas datas comemorativas não têm uma ligação especial, pois muitas são escolhidas aleatoriamente ou por votação entre várias possibilidades ou ainda por algum episódio particular, que com o passar do tempo se perde na memória.
No entanto, ao participarmos dessas comemorações não podemos nos esquecer da vocação primeira e mais importante de todos: a vocação à vida cristã e, conseqüentemente, à santidade! Todos somos vocacionados à santidade e fora desse caminho não temos como viver bem qualquer que seja a nossa vocação pessoal.
Que o Senhor nos ajude e ilumine e que cada um de nós descubra cada vez mais a beleza da vida cristã e do chamado que Deus nos faz para as diversas vocações e, em especial, para sermos santos!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de Belém